19:38ZÉ DA SILVA

Tem dessas coisas. Na cena do filme “Durval Discos”, vi o menino com o pião de lata lá no fim de um corredor e depois da porta de um quarto. Claro que era o que tive há décadas e que o som sempre zuniu dentro da minha cabeça. Enlouqueci. Comecei a procurar nas lojas de brinquedos que conhecia. Vendedoras novinhas jamais tinham ouvido falar. Entrei na tal internet – e nada! Não sabia se o pião encantador tinha morrido com a fábrica famosa que se afundou – nem se era ela quem produzia. Cansei, mas a imagem insistia em aparecer até em sonho. Ele rodando, rodando… Passado muito tempo, um dia fui comprar presente para um aniversariante, piá de quatro anos. Então, aconteceu: ele estava lá, reluzente numa vitrine, tombadinho de lado, igualzinho ao de dentro da mente. Perguntei e ouvi estupefato que havia de vários tamanhos. A partir daí passei a presentear todas as crianças com ele, o pião de lata – mas só recentemente me veio a certeza de que foi meu desejo que operou o milagre, pois agora lá está ele em todas as lojas que entro.

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