10:36Imenso

de Ticiana Vasconcelos Silva

Dor no peito
Angústia ardendo
E eu sendo
Só e nó e pó
Comendo letras
Para que as estrelas
Caiam em si
Vi e pressenti
O fim
Não quis morrer
Mas disse adeus
Para quem volta
E estou solta
Na linha que costura
A minha lisura
Pura
Meta
Concreta
Discreta
Poeta
Sem essa
De que eu sou
Mais ou menos
Pequenos
Desejos
Grandes
Sonhos
A verdade
É real
E a realidade
É surreal
Igual à sua tristeza
E menor que a sua
Beleza
Mesa para dois
Inimigos
E o perigo
Não me avisou
Pulei até o céu
Amarelinha
E criaturinha
Sozinha
Na minha
Linha tênue
Entre o saber
E o querer
Sei tudo
E mudo
O enredo
Hoje cedo
Pensei:
Três são os
Demônios
Insônias
E pesadelos
Mas eu leio:
Faça-se a correnteza
Que me leve
Para a leveza
Uma sobremesa
Para coroar
A minha certeza
Certa sou
De que não sou
Mas soo o alarme
Venham
Me salvem
A selva que habito
É o grito
Estremeci a Terra
Com um suspiro
Assim vivi
E dormi
Mais uma vez
Para acordar
A minha timidez
Vão em busca
Porque encontrei
O rei ao lado
Do largo rio
Rio de Janeiro
Cidade maravilhosa
E a prosa
É constante
Instante na minha
Estante
De livros empoeirados
E gravo a conversa
Sem me perder
Pensamentos sutis
Me perdi
Sentimentos hostis
Me senti
E a pressa
Me resgatou
Ando mais que penso
E em meu lenço
Escrevi:
Piegas e inteira
Na estreita mania
De idolatrias
Premonição:
Hoje não
Infância
Na lembrança
Salvarei o tempo
Mas fico mesmo
É imenso

E intenso

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