De vez em quando a imprensa acerta quando trata do problema da dependência de drogas – lícitas ou não. Hoje a Folha de S.Paulo fez mais por quem está no inferno da drogadição do que a grande maioria dos políticos e muitos acadêmicos que deitam falação a respeito e entendem tanto do assunto quanto do esperanto. As duas fotos do casal Marcus e Francine estampadas na primeira página com a chamada “Adeus, esgoto” mostram, antes de qualquer coisa, que há, sim, possibilidade de se conseguir recuperar o controle sobre as próprias vidas – não importando que tipo de drogas usavam. No caso eles usavam crack, moravam de fato num cano de esgoto e, com ajuda e internamento, estão conseguindo se manter limpos, trabalham e moram num quarto limpo com o conforto possível. Fora dali há um mar de zumbis espalhados pelo Brasil que não tiveram essa chance e, volta e meia, são alvo de decisões estapafúrdias como o “espalhamento” feito pela polícia, o dinheiro para varrer rua ou a idiotice que gerou a discussão do internamento compulsório ou não. A imprensa vai atrás e repercute. Internamento não é garantia de que o paciente vai controlar o vício, mas é o caminho mais eficaz que se tem conhecimento até agora. O casal da manchete teve recaídas, mas em algum momento da tentativa fez sentido a batalha em busca da sobriedade. A ficha caiu, como dizem os que estão internados. Os que não têm essa chance, não sabem o que é isso.
Li a matéria! Realmente uma prova de que há uma luz no fim do túnel. Muito boa!