Para quem nunca viu, imperdível a entrevista dada pelo historiador Eric Hobsbawm, que morreu nesta semana, ao jornalista Silio Boccanera para o programa Milênio, da Globonews, logo depois do atentado de 11 de setembro de 2001. O final da conversa dá a dimensão do pensamento do entrevistado. Confiram:
O senhor acredita que exista alguma maldade inerente no Homem que o leve à guerra, ao conflito?
O homem é o que é. Você pode classificar as coisas de boas ou más, mas é um julgamento subjetivo. Eu ficaria surpreso se os seres humanos não fossem capazes de atos de extrema bondade, pois já foi demonstrado historicamente. Eu não ficaria surpreso ao descobrir que o Homem é capaz de atos de extrema maldade, porque também já foi demonstrado. Acho que a moralidade não serve de guia. Creio que o que é importante – é o ponto em que tento concluir a minha autobiografia. É pessimista, mas de certa forma o mundo não vai melhorar se não tentarmos lutar por um mundo melhor. Não podemos desistir. Há bastante injustiça que precisa ser remediada. Mesmo que jamais consigamos eliminá-la por completo, se não tentarmos, não seremos seres humanos, não nos daremos conta do nosso potencial.
Assisti. Realmente, bela entrevista, de um grande pensador, talvez o maior que tínhamos entre nós. Parabéns pela homenagem a Hobsbawn.