por José Saramago
A palavra que eu mais gosto é “não”. Chega sempre um momento em nossa vida em que é necessário dizer “não”. O “não” é a única coisa efetivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. É o momento em que é necessário dizer “não”. A fatalidade do não – ou a nossa própria fatalidade – é que não há nenhum “não” que não se converta num “sim”. Ele é absorvido e temos que viver mais um tempo com o sim.