17:08HORÓSCOPO

por Zé Silva

Capricórnio

Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim? Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, vão se f… Agora estava ali ouvindo Nilton Cesar cantar “Férias na Índia” e tudo passou tão rápido da canção do primário, calças curtas, colégio de freiras, para os gritos dos Titãs, rosto inchado de cachaça, muitas charolas e carreiras de brilho depois como aditivos do embararalhamento geral de uma vida sem e com sentido. Agora tinha saído de um ofurô ao ar livre e olhava uma nesga do mar do terraço da cobertura num final de tarde de céu quase limpo, manchado por nuvens pinceladas pelos raios de sol. Sobrevivente, vivente, mas com um departamento de recordações que, de vez em quando, tirava-lhe o sorriso e gargalhadas quase constantes, mas não as mãos grudadas no manche para que não embicasse novamente rumo ao que já conhecia. Um ovo, dois ovos, três ovos, mais ovos comprou aos seus. A ressurreição do grande homem que não salvou os homens, mas deixou a mensagem para a eternidade, lhe fazia sentido há muito tempo, assim como as que lia todo dia na folhinha Seicho-No-Ie. Sabia que isso era bom, apesar de sempre olhar as feridas cicatrizadas, mas feridas, que lhe faziam recordar e, por isso mesmo, amar o presente até a hora do apagamento noturno, para o sonho ou para a escuridão que é de onde sabia que tinha vindo e se preparava para ir, definitivamente, um dia. E foi nesse instante que Nilton Cesar cantou espera um pouco, um poquinho mais… e emendou com felicidade é ver raiar um novo dia…

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