por Gilberto Larsen
No ano de 1972 quando a imprensa não tinha a liberdade que tem hoje, comecei a trabalhar como jornalista. O primeiro estágio foi no Canal 4 do Paulo Pimentel. Meus chefões: Renato Schaitza, Adherbal Fortes, Hugo Santana e Francisco Camargo. Minha colega de estágio: Elisabeth Fortes. Foi um tempo de muita aprendizado na Cidade da Comunicação, onde ficavam a televisão, o Estado e a Tribuna do Paraná, e a Rádio Iguaçu, que foi violentamente tirada do ar quando era comandada por Euclides Cardoso. O Renato Schaitza foi um mestre e um sinônimo de comportamento profissional, eficiência e decência.
Da equipe faziam parte o Sale Wolokita, apresentador do Jornal da Cidade, o Chacon sempre disfarçado de Gorgeas, um hipopótamo que tinha duas taras na vida: falar do tempo e paquerar a apresentadora Lais Mann; o Ali Chain, o Jamur Junior, o Haroldo Lopes. Sempre presente na redação estava a Rose, humana, alegre e eficiente secretária do ex-governador. No comando administrativo da TV, o major Vidal. No apoio o Celsinho e o Gabriel. Os dois atuam hoje como cinegrafistas. Entre todos, o Renatinho trafegando com respeitabilidade.
Lembro de uma passagem que faz parte da história da televisão paranaense. A primeira câmera sonora do Paraná, uma Auricon, chegou para o Canal 4. O Rosaldo Marx, que fazia dupla com o Jorge Santos na operação das câmeras 16 milímetros que abasteciam os jornais com filmes em preto e branco, foi escalado junto comigo para uma matéria especial em Paranaguá. Lá fomos nós sem experiência nenhuma de câmera com microfone. As entrevistas foram feitas, mas o resultado foi um desastre. Se não fosse a edição, seria a coisa mais esdrúxula do mundo.
Começando pela operação da aparelhagem. Era um trombolho que obrigava o cinegrafista a ter dotes de levantador de peso profissional. Como repórter, gravei tudo com os entrevistados. Quando apontei o microfone para o primeiro entrevistado, deixei de explicar que ele devia ir direto ao assunto e a gravação saiu mais ou menos assim: “Primeiro, meu bom dia aos amigos de Curitiba e á direção do Canal 4. Quero dizer que Paranaguá é isso e aquilo…” Só depois ele entrou no assunto.
Quando retornarmos a Curitiba, apresentamos o material ao Renato Schaitza, que teve a delicadeza de nos dar uma aula de como cinegrafista e repórter deviam se comportar diante da novidade tecnológica. Sua paciência na edição salvou o trabalho. E o nosso emprego. Assim era o Renatinho no dia-a-dia de uma agitada redação de televisão que liderava o Ibope no Paraná. Junto eledevem estar o Rosaldo Marx, o Jorge Santos e o Sale Wolokita. Está pronta a equipe para começar o Jornal do Céu. O chefe chegou, edite-se. Renatinho chegou com o Ibope da eternidade já conquistado.
Gilberto
Muito boa as suas reminiscencias.
A equipe de craques acima destacada, faz uma falta imensa em nosso jornalismo de hoje.
Quanto ao Jornal da Cidade, acaso não seria o “Show de Jornal”
Abraços e tanto quanto possivel, retorne com mais fatos dessa época.
Taylor
Gilberto Larsen, boa praça. Tem um filho, jornalista idem, bem parido, bem criado.
TRÊS TELEJORNAIS E MUITAS HISTÓRIAS
Esclarecendo o Taylor Santos.
O Canal Quatro tinha à tarde o Estadinho, jornal para a piazada inspirado no Globinho.
No ínicio da noite o Sale Wolokita comandada o Jornal da Cidade, com o slogan que virou marca registrada quando a critica era em cima do descaso público com as ruas de Curitiba: Vai prá Tribunaaaaa…
E a noite o Show de Jornal.
O Renato Schaitza, o Adherbal Fortes, o Hugo Santana e o
Francisco Camargo editavam o Show de Jornal. Que tinha como censor do patrão o João Féder que lia tudo antes de ir para o ar.
Convenhamos, o time de redatores exigia cuidados.
Mas o censor era light.
Quanto a edição do Jornal da Cidade, os quatro grandes se revezavam na edição sob o comando do Schaitza e do Adherbal.
E o Estadinho ficava por conta da Bety Fortes e eu.
Lembro do dia em que a emissora perdeu o noticiário nacional
da Globo.
A tarde recebiamos imagens da TV Educativa de São Paulo
e colocavamos o noticiário internacional antes da Globo, às sete e meia da noite.
O Quatro recebia diáriamente filmes das agências internacionais sobre a Guerra do Vietnam.
Era tudo igual. Um Fanthon sobrevoando a selva e mandando bombas.
Em falta de matéria ilustrativa bastava pegar a cópia do teletipo – tarefa do Gabriel ou do Celsinho – lá em baixo no Estado do Estado, e relatar os bombardeios do dia com a imagem que podia ser a mesma de ontem ou anteontem que ninguém notava.
Este período heróico foi comandado pelo Adherbal Fortes. A May Nascimento fazia parte da equipe de edição.
Um abraço Taylor.
E se quiser saber mais fale com o Jamur Júnior que era o apresentador e tem uma memória daquelas.
Muito obrigado Gilberto. É legal ouvir alguém elogiando meu pai e alguns dos seus amigos, todos importantes para mim.
O Renato era fogo na roupa como se dizia na época . muito corajoso pegava paradas indigestas no show de jornal era ate´ameaçado mas nunca amarelou , jornalista íntegro e muito culto ,em meus quarenta anos de modesta vida pública porém muito atuante sempre o respeitei como grande profissional .
Só aquela figurinha poderia apostar, para ser repórter do velho e bom Canal 4 dos anos 70, numa guria que ainda estava no segundo ano do curso de jornalismo, com biotipo oposto ao padrão local e vocabulário no mínimo inadequado para horário nobre. Graças à ousadia do Renato e sua paciência em trabalhar meus primeiros textos (escritos à mão…), virei jornalista. Devo minha profissão a ele. Ainda bem que, algum tempo atrás, pude revê-lo para agradecer pessoalmente por isso.