10:02Sorrisos

de Thea Tavares
 
“Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor”.
 
(A Flor e o Espinho – Alcides Caminha/Guilherme de Brito/Nélson Cavaquinho).
O sorriso sumiu das fotos. Desapareceu do dia. Virou uma ausência naquela rotina e pousou uma sombra sobre o hábito bom de tê-lo por perto, em companhia.
Deixou saudades, mas também lançou luzes à individualidade, ao autoconhecimento e um legado de confiança no apoio sobre as próprias bases de sustentação.
Conseguimos caminhar, nos mover, seguir em frente, levando as nossas projeções adiadas, interrompidas. Porque só existe um caminho, o possível, viável.
Sorrisos também funcionam como disfarces, que mascaram sofrimentos ou camuflam a dor de uma espera, de um distanciamento.
Até dar por finda essa história sem roteiro elaborado, uma intuição teimosa ainda insiste em não deixar desapegar-se e cola na pessoa uma companhia ilusória, persistente, absurda até.
Devolva às fotos os sorrisos quando eles forem sinceros e venham para fora num fluxo irrefreável, a explosão manifesta da verdade interior.
As notícias dirão desse estado e serão companhias até o último arrastar de correntes por uma estrada cheia de surpresas e de distrações.
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