15:03O clero acadêmico, a vaidade, inveja, ressentimento, preguiça e medo

de Luiz Felipe Pondé

… O que está em jogo na universidade não é um plano sofisticado de dominação mental. Ninguém é inteligente o bastante, nem estuda o bastante, nem é corajoso o bastante. Muito pelo contrário: boa parte do clero acadêmico é feito de covardes institucionais movidos por vaidade, inveja, ressentimento, preguiça e medo.

O que está em jogo é uma sociabilidade que garanta aumento de salário, perenidade de emprego, bolsa para viajar ao exterior, artigos publicados em revistas que ninguém lerá mas que garantirá pontos, postos em agências reguladoras e colegiados, poder para destruir carreiras de concorrentes, poder para comer alunas, alunos e colegas, convites para jantar e dar cursos, honras públicas, enfim, nada de “grandioso” como uma revolução bolchevique.

Acadêmicos são, em grande parte, preguiçosos e dados a conchavos para garantir espaços institucionais que garantam, por sua vez, o descrito acima. 

 

A sociabilidade na universidade

Ser de esquerda em ciências humanas é o esperado de uma pessoa ‘decente’

O debate acerca da hegemonia da esquerda na universidade no Brasil é importante. Antes de tudo, deve-se esclarecer que essa hegemonia não é um traço apenas do cenário brasileiro, mas global. No âmbito das ciências humanas, essa hegemonia é tão óbvia quanto o fato que o sol nascerá amanhã. Quem a nega, o faz por pura mentira, má informação ou ingenuidade canina. Isso implica que exista uma conspiração mundial de esquerda? Hoje não creio; no passado sim. Mas, nunca tive uma personalidade paranoide, por isso, talvez, eu perca alguns detalhes invisíveis nesses 25 anos de vida universitária como professor de graduação, mestrado e doutorado. Todavia, o dito no parágrafo acima não torna inconsistente o dito no primeiro parágrafo. Isso é o que escapa à maioria das pessoas. O pertencimento à esquerda ao longo da vida acadêmica é da ordem de uma sociabilidade identitária que garante aquilo que todo pertencimento garante. Ser de esquerda numa faculdade de ciências humanas é o esperado de uma pessoa “decente”. Não ser de esquerda numa faculdade de ciências humanas é mais ou menos semelhante a ser uma mulher de pastor que dá para um fiel da igreja do marido e todo mundo fica sabendo. O que acontecerá com essa mulher?

O que está em jogo na universidade não é um plano sofisticado de dominação mental. Ninguém é inteligente o bastante, nem estuda o bastante, nem é corajoso o bastante. Muito pelo contrário: boa parte do clero acadêmico é feito de covardes institucionais movidos por vaidade, inveja, ressentimento, preguiça e medo. O que está em jogo é uma sociabilidade que garanta aumento de salário, perenidade de emprego, bolsa para viajar ao exterior, artigos publicados em revistas que ninguém lerá mas que garantirá pontos, postos em agências reguladoras e colegiados, poder para destruir carreiras de concorrentes, poder para comer alunas, alunos e colegas, convites para jantar e dar cursos, honras públicas, enfim, nada de “grandioso” como uma revolução bolchevique. Acadêmicos são, em grande parte, preguiçosos e dados a conchavos para garantir espaços institucionais que garantam, por sua vez, o descrito acima. Não se deve menosprezar a força de pertencimento a uma sociabilidade. Pergunte para nossa hipotética mulher de pastor citada acima, pega, num momento de fraqueza, fazendo um boquete num fiel no carro, no estacionamento da igreja numa hora em que esta deveria estar vazia. Essa sociabilidade garante amizades, simpatias em editoras e redações, horizonte de emprego e reconhecimento profissional. Um professor comum passa num concurso numa universidade pública ou privada e logo você o verá passar pelo processo de “radicalização” banal para ser aceito nessa sociabilidade. Isso implicará em ter um conjunto de palavras a serem usadas e um conjunto de indignações a serem expressas quando estiverem tomando vinho chileno. Essa sociabilidade também implicará num conjunto mínimo de títulos e autores a serem cultuados (quanto menor esse conjunto melhor), assim como num conjunto imenso de títulos e autores a serem ignorados como forma de pureza bibliográfica. Como toda forma de sociabilidade identitária, esta também tem no “seu” idiota pleno um arquétipo de pureza absoluta. E não devemos esquecer que o clero acadêmico, assim como o eclesial, tem de si uma imagem de combate do mal em nome do bem. Isso piora as coisas sempre. Quanto aos alunos, a sociabilidade de esquerda também ajuda, ainda que seja menos institucional porque, afinal, não estão em jogo “cargos e salários”. Mas ajuda você a conseguir vaga e orientador na pós, com certeza. Entre alunos de humanas, ser de esquerda facilita coisas como festas, viagens, comer colegas e “fumar um”. Um colega que não fizer parte dessa sociabilidade, tende a ficar meio isolado. E o movimento estudantil é pura truculência. Só diz que a universidade é democrática quem é mentiroso, mal informado ou sofre de ingenuidade canina. Enfim, você quer ter amigos na universidade? Quer ser reconhecido? Quer passar em concursos?

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3 ideias sobre “O clero acadêmico, a vaidade, inveja, ressentimento, preguiça e medo

  1. Bruno fernandes

    E fico rindo dos academics muito reactivistas ao comentar que a Universidade e’ aberta so debate…

  2. Franco

    O triste é ver a massa de manobra de estudantes bravando pela “educação”, quando estão é sendo usados para garantir os privilégios dos funcionários públicos…
    Os estudantes se formam e peleiam para ter um salário de 3 mil… Os professores ficam com seus 30K + benesses + aposentadoria + horário de trabalho “flexível”…

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