17:00Ele quis comer cru

De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

O INTERCEPT BRASIL aos poucos transforma – se já não chegou lá – o procurador Deltan Dallagnol na besta negra da Lava Jato. Toda semana tem uma nova conversa do procurador com colegas ou com o então juiz Sergio Moro a sugerir excesso nas atribuições funcionais. Bate-se na medusa Dallagnol, esquecidas as serpentes da cabeleira.

HOJE SABEMOS de sua proposta de fazer o monumento à Lava Jato, qualquer coisa como o Arco de Trajano, erigido em Roma para exaltar as vitórias de um dos Césares. Dallagnol arvorou-se em imperador romando e delineou forma e simbologia do monumento: três colunas jônicas, duas no chão, uma ereta.

DELTAN DALLAGNOL tem esse lado messiânico, perigoso, que ele tempera no fundamentalismo evangélico. Mas o lado perigoso até agora não tirou pedaço de ninguém. Perdão, tirou pedaços de corruptos e provocou pequenas lesões na lei. Quem mais o critica são os santarrões da magistratura que fazem o mesmo a todo tempo.

O EPISÓDIO do monumento morreu na casca, abatido pelo juiz Sergio Moro, que o achou apressado e viciado pela soberba – essa gente da Lava Jato tem o toque religioso dos pecados, agora um dos capitais. Sem monumento feito, o Intercept Brasil trabalha na fofoca, a mesma fofoca sobre a firma Dallagnol, Pozzobom e senhoras.

REPROVAR O PROCURADOR? Por dois motivos, nada mais. O primeiro, o mau-gosto de monumento com colunas derrubadas, resgate cafona das invasões bárbaras destruindo a cultura romana (Roma construiu-se com o que saqueou da Grécia). Quer copiar mau-gosto, copiasse os arcos, obeliscos e fontes de Rafael Greca em Curitiba. Piores não há.

O OUTRO MOTIVO para reprovar Dallagnol é a pressa no extravasar a megalomania. A pressa, só a pressa, que a megalomania é doença auto-imune de juízes, procuradores e advogados. Ela é contraída no curso de direito e apostilada ao diploma: a maioria, só os normais, acham-se gênios, vitoriosos, poderosos, a cavaleiro da carne seca.

O MENINO é megalomaníaco – problema grave para quem está na mira do megalomaníaco. O parceiro Sergio Moro não é; podia ser, mas é homem objetivo, mais para a causa que para o efeito. Apressado, Dallagnol quis comer cru. Devia esconder a megalomania até chegar a desembargador ou ministro do STF.

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