Por orientação de Jair Messias Bolsonaro, a Agência Nacional do Cinema substituirá alguns clássicos da produção brasileira. Os filmes originais serão incinerados. As novas versões são:

“Dona Flor e sua Tradicional Família” —Interpretada por Regina Duarte, a nova Dona Flor é bela, recatada, veste rosa e sabe se expressar em libras. Nesta versão, seu marido, fogoso, é quem tem duas esposas. Além de frequentar três amantes, ir ao puteiro toda sexta à noite e alugar um apartamento para comer gente.

“O Bandido da Estrela Vermelha” —Filme policial inspirado na investigação que prendeu Luiz Inácio Lula da Silva.

“Telegram em Transe” —O ex-deputado Jean Wyllys detesta seu povo e vende o mandato para o namorado de um jornalista americano. No entanto, diversos homens de bem resolvem enfrentá-lo. Sergio Moro é um deles, mas Jean hackeia seu Telegram e cria uma realidade paralela e mentirosa. Moro termina o filme coroado, gritando: “Aprenderão! Aprenderão!”.

“Deus Acima do Diabo, Terra Embaixo do Sol” —Sebastião é um juiz terrivelmente evangélico que entra para o STF. Ele passa a ser perseguido por jagunços de Gilmar Mendes, feitiços de Carmen Lúcia e liminares de Dias Toffoli. Sebastião convoca um bispo e um soldado e fecha o STF. Evocando o retorno a um evangelho místico e ritual, transforma a corte em Supremo Tribunal da Inquisição e livra o Brasil do comunismo.

“Gabinete de Elite” —Um deputado estadual do Rio de Janeiro treina dois assessores novatos para movimentar os salários de seu gabinete. Uma das provas de admissão consiste em fazer 48 depósitos de R$ 2.000.

“De Mãos para o Ar” —Após ser abandonada pelo marido e demitida do emprego, Alice (interpretada por Regina Duarte) abre uma loja de armas. A venda de pistolas dispara na cidade. Com isso, a criminalidade e o comunismo são erradicados.

“Bruna Pastorinha” —Interpretada por Regina Duarte, Bruna Pastorinha cresce numa família comunista, mas foge de casa durante a adolescência para fundar uma igreja.
“Matou o Cinema e Foi à Família” —Jovem de classe média obtém porte e posse de armas para defender a sua família dos filmes de Cláudio Assis.

*Publicado na Folha de S.Paulo