De Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário

“O Brasil é virgem que todo tarado quer.”

ANALOGIA de Jair Bolsonaro sobre o interesse dos europeus em proteger a Amazônia. O uso da analogia diz muito sobre o imaginário, a experiência de vida e as referências culturais do autor. O presidente da república tem fixação pela sexualidade. Ainda candidato, na Hebraica, em São Paulo, comentou do quilombola que conhecera, tão gordo e inútil nas “12 arrobas” que nem conseguiria “reproduzir”.

Já no governo, a poucos dias da posse, Bolsonaro aconselhou o brasileiro a lavar bem o pênis – “com água e sabão” -, que reforçou com a estatística abstrusa das 10 mil castrações ao ano. Não esqueçamos o histórico insulto, ainda deputado, à colega petista Maria do Rosário, a quem disse faltar mérito de ser estuprada por ele. Hoje fica a dúvida: e se a deputada fosse virgem, como a Amazônia?

A Amazônia, portanto, na lógica bolsonárica, vale o estupro: é virgem e bela.  Nesse disparate, o presidente expõe novamente a fixação pelo sexo, a falta de medida e de solenidade que expõem seu despreparo para a função. Eis o homem, Jair Bolsonaro,  no seu âmago, a evocação do estupro. Lula, o iluminado, uma única vez escorregou na analogia de mau gosto, ao convocar “as companheiras do grelo duro”.

Bolsonaro foi eleito legitimamente – apesar de fake news, ajuda de Sergio Moro e robôs cibernéticos. O Brasil terá que sobreviver a ele – a menos que esgote a tolerância dos que o elegeram e dos que o sustentam no Congresso. Interessaria saber o que pensam suas eleitoras das analogias do estupro. Com certeza, não verão problema. Como os fanáticos do outro lado, para quem Lula nunca teve sítio, nem triplex.