7:06Clóvis Rossi, adeus

Da FSP

Clóvis Rossi, decano da Redação da Folha, morre aos 76 em São Paulo

Desde 1980 no jornal, cobriu eventos históricos, viagens presidenciais e Copas e assinava coluna

O jornalista Clóvis Rossi, decano da Redação da Folha, morreu na madrugada desta sexta (14) em São Paulo.

Ele tinha 76 anos e estava em casa, onde se recuperava de infarto tido na semana passada, Deixa mulher, com quem estava havia mais de meio século, três filhos e três netos.

Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, Rossi publicou seu último texto na quarta (12). Intitulado “Boletim Médico”, ele era, segundo o jornalista, “uma satisfação devida ao leitor, se é que há algum”. Seu estilo irônico e descontraído continuava no agradecimento aos colegas do jornal. “Até mentiram dizendo que estavam sentindo a minha falta”, escreveu.

Nascido em 25 de janeiro de 1943 no bairro do Bexiga, em São Paulo, filho de seu Olavo, vendedor de máquinas pesadas, e dona Olga, artesã de grinaldas e buquês de flores, ele se formou em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero.

Rossi começou no jornalismo em 1963. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. Teve ainda passagens pelas revistas Isto É e Autoesporte e pelo Jornal da República e manteve blog no espanhol El País. Estava desde 1980 na Folha.

Ganhou vários prêmios jornalísticos, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, e o da Fundação Nuevo Periodismo Ibero-Americano, criada por Gabriel García Márquez.

Escreveu os livros “Clóvis Rossi, Enviado Especial, 25 Anos ao Redor do Mundo” e “O que é Jornalismo”.

Fez coberturas de eventos históricos, viagens de vários presidentes brasileiros, Copas do Mundo e Olimpíada. Foi correspondente da Folha em Buenos Aires e Madri. Era presença frequente no Fórum Mundial de Davos.

Gostava de enfatizar sua preferência pela reportagem e não pela edição. Tinha especial orgulho da cobertura que fez sobre o fim do regime franquista espanhol. “Raramente gosto do que faço. Sempre acho que a próxima reportagem vai ser melhor. Exceto nessa cobertura”, afirmou na Flip em 2014.

“A Folha e o jornalismo brasileiro perdem um de seus principais e mais premiados repórteres, certamente o mais experiente. Clovis era admirado por gerações de profissionais por sua independência de pensamento, disposição e rapidez de trabalho e qualidade de cobertura. Vai fazer muita falta”, afirmou o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila.

Rossi torcia para o Palmeiras e para o Barcelona e dizia ter um sonho não realizado no jornalismo: ser setorista da Liga dos Campeões da Europa.

O velório e o enterro ocorrerão no Cemitério ​Gethsêmani, em São Paulo. O início do velório será às 16h e o enterro será no sábado, às 11h.

A última coluna

Boletim médico

Explicação para a ausência

Serve a presente coluna para explicar minha ausência desde domingo (9) nas páginas desta Folha.

É uma satisfação devida ao leitor, se é que há algum. Sofri um micro-infarto na sexta (7), fiz a angioplastia, recebi um stent e, na terça (11), outra angioplastia, com mais quatro stents.

Tudo correu perfeitamente bem, graças à extraordinária eficiência e rapidez de atendimento do hospital Albert Einstein, tanto em seu pronto-socorro no Ibirapuera como no próprio hospital, no Morumbi.

E, claro, graças ao dr. José Mariani, do setor de Hemodinâmica, que colocou os stents, ao meu médico de toda a vida, Giuseppe Dioguardi, e a meu irmão, também médico, Cláudio Rossi.

A alta está prevista para esta quinta-feira (13) e, como o músculo cardíaco não chegou a ser afetado, pretendo retornar à atividade profissional normal na próxima semana.

Agradecimento também aos companheiros da Folha que me ampararam e até mentiram dizendo que estavam sentindo minha falta.

Clóvis Rossi

Repórter especial, membro do Conselho Editorial da Folha e vencedor do prêmio Maria Moors Cabot.

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