Do Analista dos Planaltos

O tratamento dado pelo MP/PR e pelo MPF ao delator Tony Garcia é bastante curioso e sui generis. Desde que começou na carreira de “dedo-duro” geral do Paraná ele é tratado com deferência e curioso privilégio. Aparentemente Tony possui alguns que não são acobertados pela legislação penal, além de contar apenas o que lhe convém, até mesmo ocultando fatos que participou e que continua participando, possui um estranhíssimo privilégio de fornecer provas a conta-gotas. Tal vantagem lhe dá um ilegal poder de permanecer em uma conduta de aparente comando na distribuição de provas, como ontem fez divulgando “novas gravações” do episódio das conversas sobre propinas em negócios na área de infraestrutura. O domínio do tempo da distribuição das provas que ele apresenta entre períodos à sua própria escolha desmerece o trabalho de procuradores e promotores que, perante à opinião pública e as vítimas da vingança, passam a impressão de uma constrangedora inversão de posições onde o criminoso parece comandar ações ao seu gosto e interesse. Nem os alcaguetas do cinema, em obras ficcionais, mesmo em comédia, têm tanto poder e complacência dos policiais caricatos. Deixar Tony Garcia livre divertindo-se em vingança e solto com toda desenvoltura como se fosse o mais honesto dos humanos, coloca o Ministério Público numa desconfortável aparência de que é comandado pelo criminoso -e isso já vem de há muito tempo, desde a época do Consórcio Garibaldi que ele quebrou. Para os jornalistas é um prato cheio, pois o assunto tem audiência, mas para o MP, está ficando feio, muito feio.