13:15Dª Clara, a conciliadora

Do blog …e tudo acabou em Sfiha, de Gerson Guelmann

Depois de 50 anos morando nos USA, uma senhora judia, Dª Clara, já avó, finalmente cedeu aos argumentos dos filhos e netos e decidiu pedir a cidadania americana.

Logo que recebeu os documentos Dª Clara registrou-se para votar e em seguida foi convocada pela Justiça para coordenar os jurados num caso rumoroso. A cidade tinha sido abalada por um crime passional: um marido, ao flagrar a mulher com o amante, atirou em ambos, matando o homem.

Filhos e netos ficaram orgulhosos pela escolha, porque na família ela era conhecida pelo espírito conciliador, sempre pronta a aparar arestas e evitar conflitos. O conselho mais comum que dava aos filhos era “não se metam com a vida dos outros.” Todos tinham certeza de que essas qualidades seriam valiosas no julgamento.

A opinião pública estava dividida acerca da punição. As conversas em todos os lugares da cidade não tinham outro assunto e o que mais se falava era na dificuldade que o juri teria para decidir.

Em razão disso no dia do julgamento a sala do Tribunal ficou lotada. A sessão se estendeu por horas a fio e os advogados de defesa e acusação chamaram muitas testemunhas, esgotando argumentos para convencer o juri.

O tempo foi passando e a tensão do público cresceu, chegando ao ápice quando os jurados retornaram da sala onde tinham ido deliberar.

Finalmente chegou o momento tão esperado.

O Juiz que presidia a sessão dirigiu-se a Dª Clara e fez a pergunta de praxe:
– “Os senhores jurados chegaram a um veredicto?
– “Sim, Meritíssimo, chegamos” – respondeu ela.
– “E qual é?” – disse ele.
O Tribunal ficou em silêncio e Dª Clara respondeu:
– “Nós decidimos que não vamos nos intrometer.”
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