6:58Vassoura Nova

Rogério Distéfano

Primeiro foram as capivaras, expulsas do site da prefeitura da mesma forma que os adversários eram deletados da enciclopédia russa nos tempos de Stálin. Na bacia que jogou fora as roedoras, foi junto o ex-prefeito Gustavo Fruet. Não esperem de mim crítica ao novo prefeito sobre as capivaras. Pior seria se ele fizesse um pogrom, transformando-as em churrasco para os sem-carne. Nem irei criticá-lo pelo control-alt-del em Gustavo Fruet. O ex-prefeito pediu isso ao inventar um control-alt-del na aposentadoria de Rafael Greca. Como é mesmo? Quem com ferro fere, etc, etc.

Mas ainda não digeri a assinatura que o prefeito Greca tomou contra a música, a dança, os músicos e os bailarinos. Antes de assumir foi aquele terror em cima das Oficinas de Música. Nunca mais, ou pelo menos durante as gestões de Greca – gestões, sim, ou alguém imagina que não será reeleito: só não será se não quiser ou não puder; em Curitiba, reeleição é regra, derrota, exceção. Pior que o corte das Oficinas foi a desculpa: os R$ 900 mil que custam hoje fazem falta para a Saúde. Sabe nada, inocente! Faz falta não. Se a Saúde fosse importante, o prefeito começaria com a dele. Pois é.

O prefeito também não quer gastar dinheiro com o Carnaval. Nesse ponto, como dizem os advogados, assiste-lhe alguma razão. Que carnaval é este de Curitiba? Grupos desajeitados dançando desajeitados e sambando igual. Como diria o prefeito entre amigos, na intimidade, “aquele bando de mulher feia, suada, balançando as pelancas no meio da rua; se ainda se fantasiassem de índias de Coré Y Tuba, a descascar pinhões e assobiar para a gralha azul”. Mas não é por aí, como disse a rameira para o garoto de primeira viagem. Data venia, o prefeito está fora de foco e frouxo na tomada.

Nós, o povo, tanto os intelectuais da Oficina, quanto os de raiz do Carnaval, não precisamos só de Saúde, a dos ambulatórios, dos postinhos da prefeitura ou a do hospital Marcelino Champagnat, que nosso júbilo e tranquilidade resgatou o prefeito. Se a Saúde é o pão com que o prefeito vende suas intenções – sempre aquele imenso furo na congruência -, a música e a dança são o nosso circo. Rafael Greca, tão próximo dos sibaritas romanos, decide nos sonegar o circo. Logo ele. São coisas mal explicadas. Vassoura nova, todos os recém-eleitos vêm com a sua. Fingem que varrem, depois aposentam.

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Uma ideia sobre “Vassoura Nova

  1. Nosferatu

    ká ká ká as ações do Greca não estão só irritando os fãs do palerma do ex-prefeito, os homeless que infestavam as ruas do Centro, a meninada mimada da cidade e os donos de bares com alvarás vencidos. Mas prefiro alguém que faça alguma coisa do que alguém que só sabe procurar chifre em cabeça de cavalo, coisa em que o ex-prefeito parece ter se especializado, pois passou os quatro anos do seu mandato procurando em quem por a culpa péssima administração que fez. Perdão, afirmar que o palerma administrou alguma foi uma liberdade poética que me dei.

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