Os eleitores de Curitiba merecem o que viram ontem no horário gratuito de propaganda política dos dois candidatos a prefeito. O escancaro de acusações mútuas, se vivêssemos num país mais ou menos sério, faria a disputa ser anulada para se começar tudo de novo, com outros protagonistas. Os dois, que aqui não merecem ser citados, até pouco tempo posaram de anjos salvadores de uma cidade que parecia estar arrasada, em chamas, e que, com o coração bondoso e a mente iluminada de cada um deles, recuperaria o prestígio. Como o prefeito atual disse, capricharam na venda de terrenos na lua e prometeram para os que pagam a conta e sempre entram na onda, que discutiriam no chamado “alto nível” os problemas da capital e suas soluções. Taí! A uma semana da eleição arrancaram-se as máscaras, o que não deixa de ser muito bom. Como qualquer brasileiro medianamente inteligente sabe, no andar de cima do poder os podres aparecem apenas quando há briga entre as facções, pra não chamar os grupos de quadrilhas. A ganância pelo poder, comprova-se, pavimenta sempre o caminho de quem quer chegar ao topo, seja ele qual for, a qualquer custo. Não há mocinhos nessa história – e a lei no Bananão pode ser comparada àqueles xerifes bananas de filmes de faroeste que portam uma estrela no peito como enfeite. Ironia das ironias. Ontem mesmo, num dos filmetes dos tais, foi citada a Operação Lava Jato e a República de Curitiba, fato raro em quinhentos anos de história de um país que parece ter a capacidade infinita de ser esbulhado, saqueado, enganado, com a ninguenzada bovina sem saber o que acontece, mesmo porque a ordem geral, para que se mantenha sempre tudo como está, é uma só: proibido pensar. Os curitibanos que assistiram ao triste espetáculo agora sabem agora qual o verdadeiro dilema da votação no segundo turno: um dos dois vai vencer.