11:20ENTRE O BEM E O BOM

Ó incomparável Senhora da Conceição Aparecida. Mãe de meu Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos pecadores, Refúgio e Consolação dos aflitos e atribulados, ó Virgem Santíssima; cheia de poder e bondade, lançai sobre nós um olhar favorável….

Rogério Distéfano

NESTE DIA cumulativo da Criança e de Nossa Senhora Aparecida assumo o lado infantil e me aplico uma palmada; devia mais é dar a mão à palmatória, aqui apenas para resgatar o uso da crase, esse orgulho dos bons tempos da boa escola pública. Em devoção à santa faço ato de contrição bem simples, na versão condensadíssima: Deus, perdoe-me por ter apoiado Gustavo Fruet. Palmada e palmatória viriam pelo mesmo motivo, o prefeito não reeleito.

Nós curitibanos não sabemos – nunca soubemos – quantificar a nossa sorte. Sabemo-nos sortudos, é bem verdade, e isso nos basta. No meu caso, curitibano por tempo de serviço, considero-me sortudo pelo segundo turno das eleições. Sim, falei muitas e ótimas do prefeito Fruet e poucas e boas de Rafael Greca. Não tiro sequer um iota, mas confesso que estive enganado. Pode ser que erre de novo no segundo turno, quem não erra?

Bem-vinda campanha deste segundo turno, que nos mostra na essência dos candidatos Ney Leprevost e Rafael Greca. Ney não é esquerda, direita, centro, de baixo ou de cima. É do bem, é  bom – ‘bonzinho’, já dizem as tias curitibocas, rapaz que podem deixar na sala com moça donzela. Bem perguntado, Leprevost negaria ser Leprevost, pode incluir Pardinho como sobrenome, para puxar o prestígio do Ouvidor e os votos dos afrodescendentes.

Rafael Greca, franco e aberto, agora usa ‘fedô de cocô’, a loção do mendigo. Ainda não lavou pé de mendigo porque não pode mostrar o bidê da chácara, que diriam ser da Casa Klemtz. Confessa-se alegre, de bem com a vida – pudera, com aquele barrigão de cinco quilos no bufê a quilo. Se Leprevost respeita a donzela, Greca, que chegou puro ao matrimônio, não sabe o que fazer com (outra) donzela, nem pode rolar com ela, brincando de médico. 

Votei com fé e faca amolada em Fruet. Não me arrependo, se não é alegre, é honesto, o quanto me bastava. Se não é bom, a doutrina diverge; se não está de bem com a vida, não azedou nossa vida. É magro, talvez torturado pela dúvida – só narcisistas, malucos e criminosos carregam certezas inabaláveis. Tem posição política definida, ao contrário de Greca e Leprevost, que são apenas bons e do bem. Se ficaria indiferente à donzela, agora não interessa mais.

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