Rogério Distéfano

Defesa prévia

“Eu não tenho parente, próximo ou distante, envolvido em corrupção” – palavras de Gustavo Fruet na convenção que sacramentou sua candidatura a reprefeito. Considerando quem inspirou a frase, a defesa de Fruet não é nem prévia. É antecipada.

Caluda. Peixes e políticos morrem pela boca, parentes e serpentes rimam e combinam. Fruet pegou pesado. Quando menos se espera, surge o primo das Arábias com o negócio da China. E é no segundo mandato que a serpente dá ao parente a melhor maçã.

E o judas?

Tanta gente de ficha limpa na campanha de Gustavo Fruet que fica a pergunta: é candidato a prefeito ou a messias? Revejo meu fichário à procura do malandro de parque, do ventanista, do batedor de carteira, do vendedor de terreno na lua. Nada.

Ali só dá santo e ficha pura. O prefeito disputa sob arco ecumênico que vai de Euclides Scalco a Gerson Guelmann, fortes na cúria e no sinédrio. Alerta: o outro messias, contraparente de Guelmann, foi vendido por trinta sestércios. Pelo mais talentoso dos apóstolos.

Menos, menos, Michel

“Nos jogos seremos mais brasileiros”, palavras do presidente Michel Temer. Palavras ao vento. Se estamos nessa pindaíba, esportiva, política e moral, sendo simples brasileiros, que dirá como mais brasileiros. O calor da cadeira de Dilma subiu à cabeça do vice. A gente tinha mais é que ser menos brasileiros.

Eu e meu umbigo

Rafael Greca apresenta o decisivo argumento na escolha de seu vice, Eduardo Pimentel: “As amizades (sic) de nossas famílias”. Pretende governar ou montar uma ação entre amigos?

Afirmação narcisista e egocêntrica. Candidatura é aliança sobre propostas, não surge do compadrio, das “amizades” (quantas?) entre famílias. Parece outro velho conhecido.

Esse também tem o olhar pregado no umbigo: Roberto Requião, que declarou na pantomima de Escolinha de Governo que suas preocupações são “a saúde de meus filhos, a honra de minha família e o povo do Paraná”. Nessa ordem.