Nem o fato de terem vomitado em cima dele adiantou. Ele, que não tinha nada com a festa e o porre dos outros, que vivia no seu cantinho olhando tudo sem cor, que nos poucos momentos da vida em que tentou ser algo foi esmagado, ele era tão fraco que nem antecipar a morte conseguia – de medo. Foi numa manhã de sol que entraram no seu quarto por engano e botaram os bofes pra fora. Nem se levantar, levantou. Ligou a televisão, que era a sua droga favorita, e viu Rita Hayworth encantar Orson Welles e levá-lo para o perigo em A Dama de Shangai. O vômito secou. Ficou o cheiro. Ele não sentia nada. Havia vários livros naquela casa, mas cadê forças para abrir um e ler pelo menos uma página, um parágrafo, uma linha? Se fizesse, talvez entrasse em outros mundos… Ele não leu e nem viveu – a deprê comeu.