por Rogério Distéfano
O Tesouro da União está exaurido, não é novidade. O governo federal tem que gastar menos e buscar fontes de renda. Aumentar impostos será inevitável, mas tanto a capacidade de pagar quanto a paciência dos pagantes têm limites.
As despesas aumentam sempre; não bastasse a gastança do Legislativo, vem aí o aumento do Judiciário, a ser aprovado pelo Legislativo – que terá automaticamente aumentados os subsídios parlamentares. Dilma, por sua vez, resolve fazer bondades sem que haja recursos. Por isso reajustou o Bolsa-Família e a tabela do imposto de renda – contra o que resistiu o ano passado. Bondade é meia palavra certa, pois a outra metade significa maldade para Michel Temer, que terá dificuldade para pagar os acordos que fez para o impeachment.
Então vem a solução milagrosa na Ponte para o Futuro, o programa do PMDB para a presidência Temer. A palavra mágica é privatização, passar para a iniciativa privada o que o Estado pode dispensar, abrir concessões para serviços públicos, por exemplo.
Sobrou alguma coisa depois de FHC? Podia ser a redução da chamada máquina administrativa, inchada e ineficiente, cabide para empregos e hospedagem de lobistas. Acontece que o primeiro passo, a redução de ministérios, já foi posta de lado pelo vice, o que põe a pique a credibilidade da proposta e a idoneidade da intenção. Dá para confiar? Definitivamente, não. Nem crédito de confiança pode-se conceder ao governo de Michel Temer.
Apenas porque precisamos manter a estabilidade institucional – apesar do golpe parlamentar do motivo impeachment – o certo será adotar postura de cautela e observação. Por quê? Simples, o impeachment não é como o batismo cristão, que expunge o pecado original. O pecado permanece e os pecadores continuam impenitentes, não arrependidos. A tentação que a ponte acena para o futuro acicata a volúpia dos políticos.
Na escalada nunca decrescente que veio de Mensalão a Petrolão, a Ponte para o Futuro não nos antecipa rios de leite e mel. Será a Ponte para o Passado, ajuste para o título que em pouco tempo receberá dos inspirados e criativos delegados da Polícia Federal um outro nome. Nós, povo pagante e sofredor, chamaremos de Privadão a roubalheira da privatização que o futuro inapelavelmente nos reserva.
Como se perde tempo neste país! O negócio é coroar Eduardo Cunha como imperador de uma vez. O ilustre deputado já manda e desmanda. Prende e manda soltar. Faz muxoxo para PGR, STF, Janot, Moro, Deltan Dallagnol, OTAN, Putin, Obama. Cunha é o cara! Imperador já! Conosco ninguém podosco.