por Rogério Distéfano 

A FAMÍLIA IMPERIAL brasileira discretamente trabalha pelo retorno da monarquia. Os Bragança são honestos. Maroto na família só o genro. Proclamada a república, o marido da princesa Isabel, Conde D’Eu, negociou com Rui Barbosa, ministro da Fazenda, uma indenização para a família. Apresentado o documento a D. Pedro II o imperador rasgou-o, recusando o dinheiro. O único Bragança que levou dinheiro do Brasil foi D. João VI. A História não o perdoou. Mas nunca vi republicano que recusasse dinheiro, limpo ou sujo.

O ÚNICO problema está em escolher o rei brasileiro. Os dois primeiros Bragança na linha de sucessão, dom Luiz, 77, e dom Bertrand, 75 são solteiros, sem filhos e presumivelmente castos –  bom na república, mas péssimo na monarquia, que exige a sucessão pelo parentesco de sangue. Os dois têm vínculo com a TFP, sociedade de defesa da tradição, família e propriedade, da direita católica, hoje sem força, mas ativa. Restaria o príncipe dom João, 61,  progressista, dono de pousada e fotógrafo, bonitão, simpático, divorciado, com filhos.

SE A monarquia repugna a quem ama a igualdade republicana, pense-se que com nossa monarquia não teria nobres, só a casa real, e que com ela vem o parlamentarismo. Depois de tantas tropeços de nossa república, o parlamentarismo acaba sendo a melhor solução. A menos que queiramos ir claudicando de impeachment em impeachment até o fim dos tempos. Na universidade aprendi que o impeachment seria impensável no Brasil. Depois, já maduro, vivi dois deles. No império ocorreram golpes. Mas foram golpes do bem.

SIM, já passamos por um referendo, que negou a restauração da monarquia. Teria que mudar a constituição. E mudar a constituição, lá isso é problema? Muda-se. Não seria a primeira nem a última mudança. Para evitar traumas, respeitaríamos o sagrado direito adquirido de Michel Temer terminar seu mandato. Assim nos livramos de eleger essa gente gulosa que se habilita à presidência, gente reprovada na vida pública. No parlamentarismo seriam primeiros ministros. E despejados a qualquer falseta.