por Rogerio Distefano 

Debate de professores-vereadores na câmara municipal de Curitiba, dia 20 passado. De um lado a professora Josete, petista, de outro o professor Galdino, tucano. Se não alcançou tom erudito, dada a presença de mestres, o debate não resvalou ao rés do chão da vulgaridade e da ofensa pessoal – que já tinham chegado ao mais baixo nível no fato que trouxe os dois professores-vereadores ao tema: o comportamento dos deputados Jair Bolsonaro e Jean Wyllys na votação do impeachment da presidente Dilma na câmara federal.

A professora Josete acusava Bolsonaro de apologia à ditadura, para ela crime de instigação, quando o deputado defendeu militar condenado por torturar presos políticos durante o regime militar. Galdino relativizou o crime: se Bolsonaro enalteceu a ditadura brasileira, Dilma e o partido da vereadora não só defende como elogia, apoia e financia a ditadura dos Castro, em Cuba. Tudo se resolve no quadro democrático da liberdade de expressão, assegurada aos parlamentares, concluiu o professor Galdino.

Nessa altura, como parte da rotina, um terceiro vereador tira surdina. Acontece na intervenção de Pierpaolo Petruzzielo, petebista, que se não dirimiu a metafísica petista versus tucano trouxe à balha o xingamento e o cuspe que marcaram o comportamento de Bolsonaro e Wyllys. Aquilo de um chamar o outro de veado e o outro cuspir no rosto do um, verdadeiro espetáculo de sarjeta que não cabe na liturgia parlamentar. Para o petebista Petruzzielo, Bolsonaro não devia ter xingado Wyllys, nem este cuspido naquele.

A pertinência e a adequação dos temas ao âmbito de competência da camaral, trazendo o cenário nacional para o cenáculo das posturas edilícias sempre maravilha e nos convence da relevância dos vereadores nas instituições políticas do Brasil. Raras vezes, tão raras quanto relevantes, se assiste a debate de tamanha elevação entre mestres-vereadores de dois opostos do espectro partidário. Tudo temperado pela intervenção equilibrada e sensata do representante do mais antigo partido brasileiro, o PTB.