por Célio Heitor Guimarães

Às vezes, quedo-me em dúvida: afinal, para que servem os governantes, os chamados gestores públicos? A resposta “para complicarem a vida dos cidadãos, criarem-lhes dificuldades e atormentarem o seu dia-a-dia” não vale, porque esta todos conhecem e já está gasta.

É difícil, muito difícil, lembrar um benefício, uma vantagem real oferecida, sem custo, à população. Quando não defende seus interesses pessoais e os daqueles que o cercam e bajulam, o administrador público diz defender o interesse da Administração, do Estado, como se esses se confundissem com o interesse público. Não se confundem, como se sabe.

Ao tentar introduzir Luiz Inácio no ministério, a “presidenta” visa a defender o Brasil, os interesses nacionais? Ou os interesses pessoais de Lula da Silva e os seus próprios? Até os símios do Passeio Público (se é que ainda existem o Passeio Público e símios lá) sabem a resposta.

E essa então de as comunidades do Noroeste paranaense serem obrigadas a recorrer a uma “vaquinha” para equipar os agentes da Polícia Militar estadual em atividade na região?!… Tudo isso porque os homens de farda estão sem pistolas e sem munição para cumprir as suas atribuições. No interesse da patuleia desamparada, o governo estadual cortou pela metade a verba destinada à compra de armamentos. Gracioso ele, não?

“Diante da omissão do Estado, nós tivemos que resolver o problema” – afirmou o advogado Márcio Augusto de Oliveira Santos, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Mandaguari, à Gazeta do Povo, pontuando: “O empresariado foi assimilando isso e hoje toda a comunidade ajuda”.

O cel. Edson Paredes, porta-voz da Associação dos Oficiais da PM, confirma a penúria e revela: “Estamos desde 2012 pedindo. Tem ‘n’ processos solicitando compra de equipamento”. E repete o que todo mundo sabe, menos o Palácio Iguaçu: “A segurança pública não pode sofrer cortes”.

Contudo, o pequeno Richa e seu fiel escudeiro, o falso baiano das finanças, não estão nem aí. Nem ao menos rubros de vergonha ficam, conformando-se com a justificativa burocrática e vazia da Secretaria de Estado da Segurança Pública de que serão investidos R$ 4 milhões na aquisição de mais de mil novas armas”. A Sesp chega ao cúmulo de entender “como uma atitude positiva” a aquisição de armamento pelos Consegs… A que ponto chegamos!

A administração pública atingiu a situação em que se encontra porque não é mais conduzida por políticos por vocação e sim por políticos por profissão. São os que se pode chamar de políticos profissionais, carreiristas. Que, no mais das vezes, não são administradores, mas homens de negócios. Não têm o menor interesse na administração pública e dela apenas se valem para atingir o poder e, através dele, costurarem bons negócios. Para si próprios e seus comparsas. O resultado está aí: conseguiram, pela ganância desmedida, quebrar a maior petrolífera do mundo, símbolo e orgulho dos brasileiros.

Por isso, a população passou a desacreditar dos políticos. E os tem arredado das atuais manifestações espontâneas de rua.

Rubem Alves, já bem antes, em um de seus poucos momentos de amargura, apregoava que, por mais que se esforçasse, não conseguia se lembrar da última vez que ouviu alguma coisa inteligentes da boca de um político, já que, no seu entender, “a marca de uma coisa inteligente é o seu poder para fazer o pensamento voar, abrir horizonte, tornar luminoso o mundo, sugerir alternativas e abrir caminhos novos para o pensamento e para a ação”.

Vivemos atualmente dias de tormento e desesperança. Não se consegue enxergar um porvir nítido ou um horizonte iluminado. Estamos todos a bordo de uma nau desgovernada e sem rumo, com uma capitã frágil e incompetente e a marujada desorientada. Ainda assim, haveremos de chegar a um porto seguro por obra e graça da habilidade, firmeza e coragem de uns poucos abnegados presentes no convés.

Como nos dias sombrios da ditadura militar, embalemos a esperança de que isso não poderá durar para sempre. Um dia o pequeno Carlos Alberto e o PT transgênico da dupla Dilma & Luiz Inácio serão apeados do poder. E nossos sonhos ressurgirão. Como na fábula da Bela Adormecida, eles apenas dormem, anestesiados por falsos condutores, líderes mal-intencionados e estadistas de araque. Um dia, que se espera breve, muito breve, os sonhos de outrora acordarão. E o povo – como previa Rubem Alves – “possuído pela beleza esquecida, se transformará em guerreiro e se dedicará à única tarefa que vale a pena, que é a de transformar os sonhos em realidade”.