6:25Ordem na praça!

por Célio Heitor Guimarães

Acho que está na hora de o presidente do Tribunal de Justiça do Estado impor a sua autoridade. Não aos servidores e demais subalternos do Poder Judiciário – isso já existe; às vezes, até em excesso. Mas a esse menino que, entronizado no Palácio Iguaçu, pensa governar o Paraná, e ao seu valete das finanças, um falso baiano de quem pouco se ouvira falar – uma dupla que vem fazendo arte no Centro Cívico, a partir do início do ano passado.

Para remendar a calamitosa situação das finanças públicas estaduais, gerada pela incompetência administrativa do Sr. Carlos Alberto Richa, durante o seu primeiro desastrado mandato, suas excelências tomaram o caminho que lhes pareceu mais fácil: lançar mão do dinheiro alheio. Começaram rapinando parte dos proventos dos aposentados e pensionistas do Estado; depois, apoderaram-se de parte do fundo previdenciário estadual, dando origem ao entrevero com os professores, em abril do ano passado, que o “estadista” do Iguaçu enfrentou com bordoadas e ataques caninos nos mestres.

Aí, os olhos cobiçosos do secretário Mauro Ricardo Costa voltaram-se para o Poder Judiciário, onde vislumbrou uma “ilha de prosperidade” e acusou de estar escondendo R$ 700 milhões em aplicações no mercado. Exigiu que essa dinheirama fosse imediatamente recolhida aos cofres do Estado.

Debalde foram as explicações de que o dinheiro em poder do Judiciário derivam de duas fontes: 1) taxas cobradas por cartórios do Foro Judicial e Extrajudicial e destinadas aos fundos Funrejus e Funjus, com vistas à construção, ampliação e reforma de Fóruns nas 161 comarcas do Estado, e a despesas decorrentes do processo de desestatização de serventias; e 2) depósitos juridiciais não-tributários vinculados a demandas em tramitação no Judiciário, cuja cessão ao Executivo foi vedada pelo Conselho Nacional de Justiça e somente permitida pelo Senado Federal desde que para o pagamento de dívidas do Estado, através de precatórios. Tais receitas não compõem o orçamento do Estado e não têm o menor vínculo com o Tesouro estadual.

Inconformada, a dupla Richa-Costa passou a retaliar o Poder Judiciário. Há três meses tem dificultado o repasse obrigatório ao vizinho da Praça N. S. de Salete dos 9,5% do orçamento, por força das Constituições Federal e Estadual e Lei de Diretrizes Orçamentárias.

No mês de fevereiro, repassou menos da metade e somente completou o repasse em março, quando mandados de seguranças foram impetrados no Supremo Tribunal Federal e milhares de pessoas já haviam entrado em desespero, com contas para pagar e nenhum saldo bancário.

Com todo o respeito, fosse eu o exmo. senhor desembargador presidente do egrégio Tribunal de Justiça não me abalaria a Brasília nem acionaria o STF. Tomaria atitude bem mais simples: convocaria ao Palácio da Justiça o falso baiano das finanças paranaenses e lhe passaria um sabão. E ainda mandaria um recado ao rapazola do Iguaçu para que ele reduzisse a sua importância ao seu real tamanho, omitindo-se de valentias e atrevimentos que não tem.

Se ainda assim a dupla dinâmica insistisse na má ação, dava-lhe voz de prisão como a qualquer meliante que descumpre a lei.

Está certo que quando se agrega aos próprios subsídios um monte de penduricalhos, em forma de auxílios isso, aquilo e mais aquilo, perde-se um pouco a voz. Mas não pode perder a autoridade.

A história do Poder Judiciário está repleta de exemplos. Como ex-funcionário da secretaria daquela corte, conto dois:

  1. Presidia o TJ o des. Isidoro Brzezinski (ele era vice, mas estava na presidência). Como integrante do serviço de publicações oficiais da casa, fui convocado ao seu gabinete. Encontrei-o de pé, em frente à janela fronteiriça ao Palácio Iguaçu, de braços cruzados. Fazia flexões com as pontas dos pés e, ao me ver entrar, presenteou-me com uma inesperada confidência: “O governador [acho que era Ney Braga] mandou dizer que precisava falar comigo. Respondi-lhe que a distância entre o Tribunal e o Palácio era a mesma que entre o Palácio e o Tribunal…”.
  2. Presidia o TJ o des. Alceu Conceição Machado. O governador era o saudoso José Richa, pai desse guri que ora ocupa-lhe o lugar. Alceu mandara à Assembleia um anteprojeto de lei conferindo uma gratificação aos ocupantes de cargos de direção e assessoramento superior. Aprovado pelo Legislativo, o projeto subiu à sansão do governador, que o vetou. Informado, Conceição Machado, que gozava dias de folga na praia, subiu a serra. Em Curitiba, telefonou diretamente ao governador:

– Richa, tudo bem? Veja como são as coisas. Eu estava sossegado lá na praia quando foram me enredar com você. Disseram-me que você havia vetado aquele anteprojeto de lei que eu mandei à Assembleia. Respondi que não acreditava, que você jamais faria isso porque, além de meu amigo, sabe que se eu mandei foi porque o acho justo e era necessário. Vetá-lo seria uma tremenda descortesia a mim, coisa de mau-caráter, do que você não seria capaz, não é verdade?

– Claro, desembargador – respondeu o bom José. E mandou buscar correndo o veto, que já estava na Imprensa Oficial, modificando o despacho.

Velhos tempos…

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7 ideias sobre “Ordem na praça!

  1. Fausto Thomaz

    Poder Judiciário eh um lixo no Brasil, não funciona e está podre por dentro e por fora

  2. Sergio Silvestre

    Pois é,fico pasmo com a suntuosidade dos fóruns,tudo arejado,ar condicionado perfeito,serventes sempre deixando limpo e escovado todos ambientes.
    Nota-se também que nas mesas dos funcionários da justiça sempre tem equipamentos novos e a lerdeza deles acompanhando nossa mais lenta ainda justiça.
    Sujeitos com caras de pinguins,ternos bem cortados,engravatados,roliços vertendo gordura e caras lisas bem escaneadas.
    Esse é o retrato da nossa justiça,a mais cara do mundo e a mais lenta do mundo,onde ela só serve para eles mesmos,onde a maioria dos processos mais agilizados são para livrar políticos e grandes empresários.
    Então né,ai entro aqui no HU,hospital de referencia de todo norte do Parana,corredores cheios de doentes agonizando,ambiente insalubre,falta de funcionários para tudo,capacidade insuportavelmente lotada.
    Não tem verbas aplicadas,nem verbas para algum aumento de capacidade,as vezes nem para repor remédios.
    Dou mais uma passada pela UEL,não tem dinheiro nem para pagar conta de luz,o mato tomando conta por que não vem dinheiro para manutenção que seriam pouco mais de 1 milhão,juntando todas necessidades não passariam de 5 milhões,mas o governador com o rabo entre as pernas correu e depositou mais 55 milhões para os palitadores de dentes.
    Uma vez fiz umas contas do custo da justiça trabalhista no Brasil e a que mais trabalha e cheguei numa conta fantástica,se o governo pagasse todas pendengas trabalhistas ficaria bem mais barato do que manter esse grande elefante.
    Portanto eu que nunca entrei numa delegacia,nunca roubei,não sou estelionatário nem segundeiro,pago caro por uma coisa que eu não uso,essa nossa bastilha,essa nossa fabrica de nababos,onde certos magistrados ganham de salario uma mega sena a cada 5 anos.É para corar juiz Sueco.

  3. ferreira

    Por pior que seja o poder, o respeito e a independência entre eles é um dos princípios da democracia e como diz Quevedo ;” Isso non eczisteeee !!!!” mais no Brasil

  4. Jane Dubai

    Ridículo defender estes seres que vivem num mundo muito superior ao nosso. O judiciário brasileiro tá podre, fedendo em praça pública. Eles não vivem numa ilha de prosperidade, ficam nadando dentro de um oceano de verba tungada dos trabalhadores.

  5. TOLEDO

    Silvestre, quer fazer um selfie com o Moro ?? Ele esta lançando um gibi, o SUPER MORO !!! Eu vi no Portal da Transparencia mostrado por um Coxinha, o último salario dele foi 87 contos, menos 30 de desconto, deu liquido uns 57. Não vi se ele fez algum consignado, para comprar um Barco igual a que a mulher do Lula comprou. Mas o povo é o CU DE PLANTÃO.

  6. juca

    Ainda bem que esse doente do Toledo reconhece que o dele é que está de plantão sempre a espera dos charutos cubanos… lembram né?

  7. ferreira

    Juca, o toledo e o aparecido sérgio silvério são ku e kuéca, gostam de acarajés e de brincarem de trenzinho.

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