8:37Quatro páginas de Quadro Negro

A revista CartaCapital desta semana abriu quatro páginas para o governador Beto Richa. Pancadaria pura. O mote é a operação “Quadro Negro”, do Ministério Público do Paraná, e a base o depoimento da advogada Úrsulla Andrea Ramos, que trabalhava para o dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza (muitas das informações foram publicadas na semana passada pelo jornal Gazeta do Povo). Na revista que está nas bancas o título é “Richa vira alvo de Janot – investigação aponta que a cúpula tucana recebeu dinheiro da Educação”. No site a pancada é mais forte: “Campanha de Beto Richa (PSDB) levou dinheiro de propina, diz delatora”. Sobrou para todo mundo e, segundo a reportagem, assinada por Henrique Beirangê, “a rede de relações incestuosas envolvendo políticos, empresários e laranjas começou há  quase 20 anos”. Em tempo: no final da reportagem a maioria dos detonados responde às acusações. Confiram:

Campanha de Beto Richa (PSDB) levou dinheiro de propina, diz delatora

Advogada afirma que contratos da educação abasteceram campanhas de políticos; confira o vídeo
por Henrique Beirangê — publicado 12/01/2016 18h39, última modificação 12/01/2016 18h44

O dia 29 de abril de 2015 ficará registrado na história do Paraná como um dos mais tristes e reveladores episódios de como a educação é tratada por governantes no País. Em frente à Assembleia Legislativa, em Curitiba, cerca de 200 professores foram agredidos por policiais militares quando protestavam contra uma proposta de mudança no sistema de previdência estadual.

As imagens de professores ensanguentados correram o mundo. O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), chegou a dizer que os policiais teriam apenas se “defendido” .

A confusão de conceitos entre democracia, pedagogia e violência parece fazer parte da rotina do governador. Alvo de uma ação de improbidade administrativa pelo Ministério Público por ter, segundo a investigação, se omitido no caso, Richa disse “lamentar” a propositura do processo.

A evolução dos indicadores da educação no Paraná mostra que quem tem mesmo a lamentar no Estado onde governa pelo segundo mandato são os alunos da rede pública. Indicadores do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostram que desde 2009 o aproveitamento dos alunos do ensino médio vem caindo. A nota que já beirava a mediocridade naquele ano (3,9) caiu (para 3,6) em 2011 e despencou em 2013 (3,4).

Dinheiro é o que não falta, pelo menos nos bolsos do tucano e de seus aliados, segundo afirmam testemunhas e delatores de uma investigação do Ministério Público do Paraná batizada oportunamente de “Quadro Negro”.

A apuração mostra uma operação engenhosa criada para que recursos que deveriam servir para construir escolas acabassem como fonte de financiamento da campanha de Beto Richa para sua reeleição e de políticos ligados a seu governo. As provas estariam em diálogos gravados, nos quais seria acertado o repasse do dinheiro dos contratos para as campanhas dos políticos.

A história que vai ser contada agora começa faz quase 20 anos e mostra uma rede de relações incestuosas envolvendo políticos, empresários, laranjas e corrupção, muita corrupção.

Os detalhes da investigação constam na denúncia do MP e no inquérito em posse da Procuradoria Geral da República e vídeos de depoimentos, aos quais CartaCapital teve acesso com exclusividade, encaminhados faz duas semanas a Rodrigo Janot. Um dos personagens centrais nessa história e que hoje se diz “inimigo” de Beto Richa é o empresário Juliano Borguetti, irmão da vice-governadora e braço direito de Richa, Cida Borguetti.

Para entender quem é Juliano é preciso incluir mais um nome nesse enredo. Juliano é muito próximo de um executivo chamado Eduardo Lopes de Souza, dono da Valor Construtora e Serviços Ambientais, a quem chama de “amigo” e diz já ter lhe ajudado em diversas ocasiões.

Os dois trabalharam juntos na campanha a governador de Jaime Lerner no início dos anos 90 e desde então estreitaram seus laços de amizade aproximando os interesses públicos e privados. Borguetti passou os últimos 22 anos pulando de órgão público em órgão público até assumir a cadeira de vereador em Curitiba em 2008. Como não foi reeleito em 2012, ganhou de bonificação um cargo de superintendente dentro da Secretaria de Planejamento do Estado por conta do laço de família com a vice-governadora.

Borguetti acabou exonerado após ser flagrado em uma briga envolvendo torcedores do Atlético Paranaense e Vasco no final de dezembro de 2013. O irmão da vice-governadora decidiu então se voltar novamente para a seara dos negócios privados.

Dono de quatro apartamentos em Curitiba, sendo três alugados, um em uma das áreas mais caras na cidade, o bairro do São Francisco, é detentor de uma renda só com alugueis na casa de 8 mil reais. O patrimônio declarado à Justiça eleitoral em 2012 foi de 482 mil reais, mas segundo as investigações, os imóveis valem juntos pelo menos dois milhões de reais.

Preso no final do ano passado, mas já solto pela justiça do Paraná, Borguetti seria o encarregado de intermediar os interesses da Valor Construtora e Serviços Ambientais Ltda junto ao Estado.

De acordo com uma das testemunhas, Borguetti era quem “ajudava” a acelerar os pagamentos de contratos para a construção de escolas, que, segundo o MP, em alguns casos sequer chegou a sair do papel. O esquema teria causado um rombo de pelo menos 18 milhões aos cofres do Estado. Borguetti receberia uma mesada de 15 mil reais pelo serviço. Apenas um troco perto do grosso do esquema.

Quem conta os detalhes da engenharia financeira por trás da operação é uma advogada de Eduardo. Úrsulla Andrea Ramos trabalhou como procuradora da construtora, mas, para o MP, também ajudou a lavar dinheiro do esquema. Surpreendida por uma busca e apreensão em sua casa no final do ano passado, a advogada foi até o MP prestar depoimento sobre o seu suposto envolvimento no caso.

Assustada, Úrsulla chegou acompanhada de dois advogados e de um representante da OAB-PR. Alegando inocência, a advogada contou que se tornou próxima do dono da construtora e acabou conhecendo de perto detalhes da vida de Eduardo.

Os detalhes dessa história, o envolvimento do governador Beto Richa; do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSDB), do ex-chefe da Casa Civil de Richa e conselheiro do TCE, Durval Amaral, e do deputado estadual e primeiro secretário do legislativo paranaense, Plauto Miró (DEM), você lê na íntegra e os principais trechos do depoimento da investigação na edição de CartaCapital que começa a circular nesta sexta-feira 8. Segundo Úrsulla, Eduardo é um homem bomba e registrava todos os encontros com os políticos: “ele tem todas essas conversas gravadas”.

Outro lado

O governo do Paraná informou que “as irregularidades que envolvem a construtora Valor foram descobertas por sistemas internos de controle do Governo do Paraná e se transformaram numa sindicância aberta em maio de 2015 pela Secretaria de Estado da Educação e, em seguida, em inquérito aberto pela Polícia Civil. Desde o início, o Governo vem tomando todas as medidas necessárias para apurar, punir desvios de conduta e recuperar recursos desviados. Os bens de todos os envolvidos foram bloqueados pela Justiça, a pedido da Procuradoria Geral do Estado. Todos os servidores públicos suspeitos foram demitidos ou exonerados de seus cargos.”

O TCE informou que o conselheiro Durval está de férias no norte do Estado. Segundo a Corte, em novembro do ano passado, o TCE-PR determinou suspensão de contratos de sete escolas em que foram apontados indícios de fraude nas medições, com o pagamento de serviços ainda não executados. Seis são da Valor Construtora e Serviços Ambientais Ltda.; e uma da Machado Valente Engenharia. Na Assembleia Legislativa do Paraná foi informado que não há ninguém para tratar das investigações envolvendo os deputados e que o recesso termina apenas em 20 de janeiro.

O PSDB do Paraná informou que não recebeu nenhuma doação da construtora Valor.

http://www.cartacapital.com.br/blogs/direto-de-sao-paulo/campanha-de-beto-richa-psdb-levou-dinheiro-de-propina-diz-delatora

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6 ideias sobre “Quatro páginas de Quadro Negro

  1. John Doe

    Alguém de vocês aí já ouviu falar da C5N, é a mesma coisa, como agora está na oposição nada do que o governo faça é bom ou está certo. Vindo de onde vem não poderia ser diferente, não acredito em nada que é publicado nesta revista ou na Gazetinha, mídia chapa branca não é digna de credibildiade.

  2. Sergio Silvestre

    Dinheiro em caixas de sapato da mais ao menos em notas de cem reais a cerca de 120 mil dependendo da caixa.
    Isso é muito corriqueiro no meio politico,principalmente perto de campanha eleitoral,elas são distribuídas fartamente em especie e não contabilizado e o famoso caixa dois.
    Na reeleição do governador ,estive no comitê do Beto Richa,que tomava conta de quase um quarteirão aqui em frente ao terminal,fui lá a pedido para fazer painéis de propaganda,mas não aceitei as condições,mas bati um papo de quase 1 hora com os amigos tucanos e deu para perceber a fartura que jorrava ali,era muita matéria prima,dezenas e dezenas de Kombis com placas da Capital e uma parafernália de adesivos e biombos que infestaram a cidade.
    Mas o TRE finge que fiscaliza,outros Órgãos fingem que punem e segue o Parana com essa incrível centralização de tudo que é ruim,agora alem de “PENICO”virou deposito de corruptos.

  3. Sergio Silvestre

    Vamos então pedir um conselho para o Jonh e que ele nos diz qual tipo de midia vamos acreditar;ex;Blog do Fabio Campana,?Blog do Esmael?Revista Veja?Carta Capital;?Estadão?Record/;?Globo?Diga ai Jonh,qual é o tipo de imprensa que devemos confiar?

  4. Jorge Armado

    Imprensa canalha! Só confio na Joice e no Fábio! Nem no Gaeco dá pra confiar. Está contaminado. Dos órgão públicos de controle só o TJ-PR, o Tribunal de Contas e a Assembléia são realmente confiáveis. Sempre foram. E sempre serão.

  5. Pedreiro

    Assim como o (Lula) PT nacional, o (Richa) PSDB do Paraná tinham um Projeto de Poder! Só possível numa Ditadura. Na Democracia a troca de grupos políticos quando não ocorre pela qualidade do voto consciente, ocorre na crescente denúncia de abusos na captação de recursos para se manter o Poder!
    “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.” Da frase atribuída à Eça de Queirós, presume-se que passou em muito o tempo de trocar as fraldas! Vamos precisar um saneamento completo afim de preservar as bundas.

  6. antonio

    E o que é digno de credibilidade hoje? As notícias contra os inimigos? Que o diga o governo federal, que tudo que faz é considerado errado. Governos diferentes mas críticas iguais.

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