de José Maria Correia
Por que não te vais de mim Inverno ?
Leva tuas nuvens de sombras.
Tuas tempestades dramáticas.
De entardeceres sempre cinzas
De duras memórias e muitos pesares.
E de ventos que dobram os chorões.
E os Ciprestes nas ruas de pedras gastas
Onde entre becos de catedrais e marquises
Dormem aos pares legiões de esquecidos
Com seus cobertores rotos aos ombros
Como mantos de resignados reis
Despossuídos de fortuna e de pátria.
Por que não te vais de mim Inverno ?
E libertas a Primavera com suas cores
E pétalas de gentis sutilezas e perfumes
E deixas de calar os pássaros tão mudos
À espera em vão do Arco-Iris de desejos
Deixa-me, enfim que já não te pertence
Este calendário obscuro de enganos
É tudo que te peço em letra azul
Devolve minhas perdidas manhãs de sol.