9:24A raposa e a dúvida

por Sergio Brandão

Com muita tranquilidade, sem se abalar, com a voz mais calma do mundo, Helena chega em mim :
– Pai, raposa pica?
– Não, filha, raposa pode morder. Por que?
– Eu vi uma aqui em cima, dentro de casa!

Tentando manter a mesma calma dela , saio em busca do bicho feroz, invasor de lares com crianças, que perderam o medo – e agora vão entrando sem pedir licença.

Me aproximo de onde deveria estar o bicho. Pergunto onde, filha? Helena olha para todos os lados, ainda busca debaixo do sofá, se aproxima da mesinha que serve de suporte ao telefone, vasculha mais um pouco e diz (ainda muito calma): – “Acho que foi embora, pai”.
Helena nunca foi de inventar coisas assim, tão fantasiosas.

E eu já imaginando o trabalhão que teria em tirar de dentro de casa um bicho destes, acuado, e provavelmente agressivo, por conta da situação,querendo sair, sem conseguir achar uma porta ou janela.

Abro o que estava fechado e inicio a busca, quando tenho a ideia de finalmente perguntar que tamanho tinha o bicho? Com as duas mãos, ela deixa as duas palmas quase juntas. De uma para outra, a distância talvez tivesse uns 3 ou 4 centímetros. A sensação de alívio toma conta de minha alma.
Ao mesmo tempo, vejo colada no vidro uma MARIPOSA. Com seu indicador aponta e diz, ali pai, achei!

– Deixa ela aí, filha! “Esta nem pica e nem morde”.

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