por Sergio Brandão

Era o que faltava pro futebol brasileiro. Uma partida abaixo da crítica de Neymar, para ficar clara a dependência que temos do futebol deste menino. Aliás, que nesta partida contra a Colômbia ninguém teve coragem de dizer que Neymar esteve muito mal. As palavras foram comedidas, ninguém, nenhum comentarista ou narrador ousou desqualificar nosso craque. As críticas quase não conseguiam ser ditas. Neymar me lembrou o time do Coritiba: sem ordem tática, sem saber onde ficar em campo, errando chutes, dribles e passes curtos.

Há os que preferem creditar a má atuação de Neymar ao anúncio da abertura de uma ação contra ele, pela justiça espanhola, que investiga denúncia de fraude e corrupção com relação à sua transferência para o Barcelona, em 2013. Pode até ser. A gente sabe que Neymar joga mais do que jogou contra a Colômbia, mas a questão parece pedir uma outra avaliação.

Neymar já estaria suspenso da próxima partida, contra a Venezuela, por cartão amarelo. Além da péssima partida, ainda foi expulso, e sem ele, o Brasil é outro.

Neymar foi decisivo contra o Peru, quando o Brasil já penou pra ganhar. E sem Neymar inspirado, perdeu para a Colômbia.

O futebol não permite raciocínio lógico, mas é assim que penso agora.

Se perdemos para a Colômbia com Neymar jogando mal, sem Neymar em campo, contra a Venezuela – que venceu a Colômbia – vamos perder para a Venezuela? Isso não é conjectura maluca, é possibilidade muito grande . O único craque do time sucumbiu – e junto foi todo o resto. Parece conspiração dos deuses do futebol.

Perder para a Venezuela e ser desclassificado na primeira fase de uma Copa América seria mais um gol da Alemanha. O vexame que falta ao nosso currículo.

Mais um vexame do tamanho dos 7 x 1.

Parece ser o que falta para finalmente nos deixar sem saída e recomeçar. Fazer todo o caminho da construção do futebol brasileiro. Chutar para o alto as relações com FIFA e CBF, fundar uma liga de 40 clubes e recomeçar uma nova história. Parece ser o que nos resta, mas também parece ser um sonho inocente,  ingênuo, porque sabemos que os dirigentes até podem morrer de vontade de fazer isso, em nome dos clubes, em nome da decência, mas não fazem porque acima disso estão compromissos assumidos, rabo preso e esquemas ilícitos que provocaria um efeito dominó e não pouparia ninguém.

Pobre futebol brasileiro que já perdeu seu talento faz tempo, e que agora perde a vergonha na cara de vez e escancara tudo isso sem que a gente ão possa fazer nada!