9:11Mais caroço no angu do fotógrafo Tchello

Na reportagem publicada ontem na Folha de S.Paulo sob o título “Fotógrafo de Richa virou delator no PR”, feita pelo repórter Lucas Reis, enviado especial a Londrina, surge a informação de que Marcelo Caramori, o Tchello, foi contratado “após pedido do então secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, delegado da Polícia Federal”. Quem afirmou isso foi a Casa Civil do governo. César, disse que “nunca indicou Caramori”. O advogado do fotógrafo, Leonardo Vianna, detonou Richa e proibiu seu cliente de dar entrevista: “O governador, de forma estranha e incoerente, disse que nem conhecia o Tchello. O cara vivia abraçado com o Tchello, tem foto, eram bem ligados, e depois fala que não o conhece direito, não lembra, e que era abusador de criança”, afirmou. Confiram a íntegra da reportagem:

Fotógrafo de Richa virou delator no PR

Ex-assessor do governo do Paraná, o fotógrafo Marcelo Caramori, 51, tatuou no antebraço direito a devoção ao governador: “100% Beto Richa”. Decepcionado com o tucano, que o renegou publicamente, mudou a tatuagem para “100% família”.

Preso em Londrina, acusado de integrar rede de exploração sexual infantil, Caramori tornou-se uma das principais testemunhas de dois casos de corrupção investigados pelo Gaeco, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado.

Tchello, como é conhecido na cidade, já prestou sete depoimentos aos promotores. Fez um acordo de delação premiada e, em troca da liberdade, contou o que sabe.

Reprodução/Facebook/Tchello Caramori
Marcelo Caramori exibe a tatuagem "100% Beto Richa" em homenagem ao governador do PR
Marcelo Caramori exibe a tatuagem “100% Beto Richa” em homenagem ao governador do PR

Foi ele quem citou a “enorme influência” de Luiz Abi Antoun, o primo distante do governador Beto Richa (PSDB), no esquema que, segundo o Ministério Público, desviou milhões de reais na Receita estadual. Disse ainda que era Abi o responsável por arrecadar dinheiro para campanhas eleitorais do tucano.

Os depoimentos reforçaram as investigações da operação Publicano: auditores fiscais são acusados de cobrar propinas de empresários em troca de reduzir ou até anular dívidas tributárias. Também ajudou na apuração que aponta Abi como pivô de organização criminosa que fraudou licitação para a manutenção de carros oficiais.

O Gaeco também investiga a participação de auditores na rede de exploração sexual.

Caramori é um tipo de “faz-tudo”. Piloto, fotógrafo e dono de estúdio, apresentou programa na TV e ganhou fama por fotografar mulheres.

Acabou conhecendo muita gente. Mas nem o Ministério Público nem seu advogado sabem como ele passou a circular pela Receita estadual em Londrina e por que, em 2011, Richa e o então secretário da Casa Civil decidiram nomeá-lo e comissioná-lo assistente da Casa Civil.

CHURRASCOS

Desde então, foi nomeado na Polícia Civil, na Secretaria de Governo, na Governadoria, e promovido a assessor especial da Casa Civil, com salário superior a R$ 6 mil.

Organizava churrascos para auditores fiscais, dirigia o carro de Márcio de Albuquerque Lima, tido pelo Ministério Público como um dos cabeças do esquema da Receita, e recebia Richa nas visitas a Londrina e norte do Paraná.

Caramori foi exonerado em janeiro deste ano, após a prisão por exploração de menores. Ele admite os crimes, diz ter se relacionado com menores de idade, mas nega que aliciasse as garotas em festas.

O auditor Luiz Antônio de Souza e o empresário José Luiz Favoretto também estão presos pelo mesmo crime. O auditor também assinou acordo de delação premiada e ajudou na investigação da Operação Publicano.

Preso, Caramori causou furor ao exibir a tatuagem. Richa negou proximidade.

“O governador, de forma estranha e incoerente, disse que nem conhecia o Tchello. O cara vivia abraçado com o Tchello, tem foto, eram bem ligados, e depois fala que não o conhece direito, não lembra, e que era abusador de criança”, diz Leonardo Vianna, advogado de Caramori, que o proibiu de dar entrevistas.

Em nota, a Casa Civil disse que Richa tem com Tchello a mesma relação com os demais fotógrafos escalados para coberturas do governo e que o encontrava, eventualmente, na região de Londrina. A nomeação em 2011 ocorreu, segundo a pasta, após pedido do então secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, delegado da Polícia Federal. César, porém, afirma que nunca indicou Caramori.

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