16:22Voar

de Ticiana Vasconcelos Silva

Voar é a mais sublime escola da vida
No silenciar dos cânticos, torna-se a potência da alma em vigor
Seu sabor tem a luz da manhã como o manjar de uma ceia de contos e poesias
Faz da ilusão uma leve pontada no calcanhar, que não nos machuca, mas nos consome como um olhar ao entardecer
Da janela, opõe-se às vidraças, ainda intactas e vivas em sua essência
Toca nossos lábios com gotas de mel que nos deliciam com seu aroma lúcido
Observa-nos como um pai ao ver nascer seu primeiro filho
Comove-nos até que o suspiro desencadeie todas as formas de amor que ainda iremos viver
Abstrai-nos dos sorrateiros desejos de uma vida calejada pelo sal do mar
E o vemos mesmo quando somente nos resta falar o que esquecemos em nossas promessas
E bate uma saudade incomensurável de extrapolar todas os condicionantes objetos do amor para saltar por entre os dedos de meu mais amado dono
E deixá-lo com esta saudade dentro do peito para buscar-me em histórias que não têm fim
Quero sorrir com esta liberdade que sinto quando vejo o mar ao longe e pressinto que nele estão os verdadeiros tesouros de minha alma, solitária e incansável
Minhas asas vagueiam por entre os infinitos céus que sustentam o meu olhar
Sério e contumaz, perdido e verdadeiro
E a liberdade chama-me para voar
E eu sinto a mais pura saudade de uma criança que balança seus braços para a mãe lhe ninar
E sorrio por saber que saberei onde pisar quando minhas asas tocarem o céu
<<Sem esmorecer com códigos vazios e indescritíveis>>
Vejo-me por entre as transparentes paredes das casas abandonadas pelo servo mundano
Encadeio-me em evasivas subliminares das constantes voltas de uma roda gigante
E ouço meu amante correr dos ventos que sopram ao leste de um mirante partido
Para subir uma montanha de cálido verdejar e doce e íngreme substância gradualmente expandida pelo luar 
Nós somos apenas a pedra que se soltou ao ver o sol desaparecer
E voamos para longe de nossos sonhos dilacerados pelos beijos sólidos de uma estátua
Para recuar nos instantes em que nos perdemos em nossos caminhos
E por isso, colocamos nossos pratos em areias cintilantes e de brio ardor
E ofuscamo-nos para sempre de lágrimas corrompidas
Choramos, então, ao ver o sol nascer
E nossos olhares desnudam a vida que se fez grandiosa e não pôde mais dançar
E, por isso, voou

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Uma ideia sobre “Voar

  1. Sergio Silvestre

    A palavra preferida dos poetas,voar,luar,amar ,sonhar.
    Quem sonha voa,em noites de luar azulado gótico
    Amar,amar em noite de luar.

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