Nada como uma patuscada atrás da outra para que a ninguenzada tenha absoluta certeza de que os ocupantes do andar de cima do poder acham mesmo que ela é importante para pagar a conta e ficar de bico calado. No ano passado a voracidade da turma da capa preta do Judiciário e dos integrantes do Ministério Público para garantir o aumento de rendimentos via auxilio-moradia entrou para a história – como pano de fundo, explodia a sujeira exposta pela Operação Lava Jato nas entranhas da Petrobras, podridão que deixou o escândalo do Mensalão na categoria de dízimo colocado na sacolinha dos sacripantas. Aqui na província descobriu-se, depois da reeleição do governador Beto Richa, que, sim, o senador Roberto Requião não estava em alopração quando adotou como mote de campanha a informação de que o Paraná estava quebrado. Importaram um secretário da Fazenda da Bahia e este disse, antes mesmo de tomar posse, que o governo que o contratou só fez caca durante quatro anos de gestão. Como um capataz que recebeu carta branca, ele atochou, via mensagem do Executivo aprovada pelos nobres deputados estaduais, um aumento de impostos que ainda vai arder muito no bolso do povão. Na semana passada, talvez imaginando que tudo é carnaval, o Palácio Iguaçu anunciou que o governador Beto Richa e seus secretários abriram mão de receber o salário de janeiro para colaborar no esforço para vencer a crise que… que… deve ter sido obra das forças do mal que derrubaram Janio Quadros e ainda estão por aí. Foi um gesto fez todos os paranaenses derramarem lágrimas de emoção pela nobreza do ato. Ontem, para iniciar os trabalhos da Assembleia Legislativa, o novo presidente, deputado Ademar Traiano (PSDB), colocou no pano verde a ideia de se oficializar a aposentaria dos nobres parlamentares, com a ressalva de que isso só será viabilizado se houver caixa no Legislativo. O dinheiro do caixa do Legislativo, para quem não sabe, vem de uma parcela do que é arrecadado pelo Executivo que, alvíssaras!, é, em resumo, o que a patuléia paga em impostos para sustentar tudo isso aí. Não é expressionante? O pior é que o ano ainda nem começou. Enquanto isso, no Recife, um bloco esquenta as turbinas para a diversão momesca – é o “Nóis Sofre Mais Nóis Goza”. Tem outro jeito?