10:27Cheirinho

por Sergio Brandão

Conheço um cara que usa um perfume que me incomoda muito. Tem um cheiro vulgar, destes de pensão de quarto de instante. É um cheiro forte, fica impregnado na gente quando o encontro é selado com um abraço ou com um aperto de mão.

Sabe aquele perfume do papel higiênico? Não aquele quando você usa – é o cheiro que tem quando a gente abre o pacote!  É aquilo!

Demorei, mas descobri esta semelhança numa gripe. Dois dias em casa, assoando o nariz com papel higiênico, não foi difícil verificar a semelhança.

Também não demora muito pro cara ser chamado de Cheirinho.  Coitado, ele é legal, gosto dele. Até tentei desviar minha atenção para outro cheiro, mas não deu: é o insuportável cheiro de papel higiênico tirado da embalagem.

Mas não é só. Isso me provocou uma pergunta: porque o papel higiênico já vem com cheiro, se mais tarde  será impregnado por outro? Nunca cheirei, mas imagino a mistura dos dois… É merda com perfume barato.

Agora, toda vez que vejo o cara fico imaginando o ritual depois do banho, se enxugando com papel higiênico, no pescoço e nas axilas.

Cheirinho às vezes capricha no cheiro. Outro dia esqueceu o casaco pendurado na cadeira de casa. No começo ninguém sabia de quem era. Alguém levantou o casaco perguntando “de quem é? Tem dono”?

Nem precisei me aproximar para responder. Foi um coro só: “É do Cheirinho!”

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