7:08Declaração de voto

Declaração de voto deveria ser como declaração de amor – a mais sincera possível. Mas como, nesse caleidoscópio alucinado da vida, nessa batalha insana pela sobrevivência, nessa eterna crise de alma para se saber qual o busilis da existência, nesse esgoto constante despejado por esta telinha de computar, espalhado nas páginas de jornais e revistas, jogado em nossas caras pela televisão, neste moto-perpétuo para se tentar entender um pouco a alma destes senhores políticos? Estes, que nos fizeram sempre colocar os dois pés atrás quando falam, porque enchemos aqueles cofres onde têm acesso fácil, através do abra-te sésamo da saliva, enquanto olhamos para dentro de casa e para fora de casa e nos perguntamos se não seria mais lógico uma sobrevivência um pouco mais digna para a maioria, indistintamente. Saúde e o caminho aberto através do conhecimento básico para desenvolvimento do espírito crítico para dentro e para fora, seria o mínimo. Não é. Por isso declaração de voto é coisa difícil nessa maré toda onde campanha eleitoral é sinônimo de enganação coletiva, a começar pela fachada dos senhores candidatos, modificadas no photoshop sem vergonha – e depois completada por palavras escritas por terceiros e imagens pinçadas como agulha num palheiro. Se pelo menos conseguíssemos olhar a alma dos senhores candidatos, mesmo que nestes infernais meios eletrônicos… Pois o signatário é um privilegiado que pode declarar pelo menos um voto, porque conheço meu candidato. Conheço meu candidato antes mesmo de conhecê-lo, porque somos de um mesmo time que cada vez aumenta mais sem que a maioria destes senhores que nos pedem votos deem a mínima – e muitos utilizam o problema para fazer a mais baixa das chantagens emocionais. Somos do mesmo time que frequentou as trevas e saiu para valorizar a luz da vida. Por isso quando me apresentaram aquele jovem, não foi preciso esforço para saber o caminho que escolheu – e o combinado implícito era de que caminharíamos juntos, ele lá, do seu jeito, e eu aqui, do meu. A doença da dependência de drogas lícitas ou ilícitas é devastadora para os que as usam e os que estão em volta, mesmo porque falta informação para estes, informação para uma tentativa de se salvar aquelas vidas. A ideologia, essa coisa que coloca viseiras até em gente que se diz inteligente, a ideologia aqui nesta declaração, não é política. A ideologia aqui é simples: é a da humanidade. Meu voto para o candidato a deputado estadual Diogo Busse não é pensado – é sentido. Porque, pra mim, ele não precisa fazer discurso, ele não precisa me convencer. Eu sei o que fez e quer fazer, mesmo que dentro de um, ok, vá lá, sistema carcomido. Mas o que seria de tudo se não houvesse essas almas? Um dia ouvi uma lição de vida de um policial civil. Contou que antes de fazer o concurso para delegado, foi consultar o pai, grande advogado. Estava em dúvida porque achava que o ambiente, naquele tempo, era podre e corrupto demais. O pai lhe disse que o que importava era ele dentro desse ambiente. Que deveria entrar e continuar sendo o mesmo de sempre. No site da campanha do Diogo há uma declaração de voto deste delegado, não por acaso hoje o chefe de toda a Polícia Civil do Paraná (Riad Farhat comandou durante anos o Grupo Tigre e foi diretor do Denarc antes de assumir o cargo de Delegado Geral). Diogo se candidatou a vereador e não se elegeu por pouco. Sua campanha foi a mais espartana possível. Utilizou a internet e seu recado é o que os jovens como ele e os velhos como eu querem ouvir e, repito, sentir. Porque é sincero. Porque tem, pelo menos, uma causa nobre. Ele foi diretor de política sobre drogas da prefeitura de Curitiba. Fez o que era possível. O mínimo que se faz nessa área já é muito. Participei com ele de algumas palestras. Uma me marcou muito, num colégio público da periferia da cidade. Enquanto ele falava, abrindo caminho para o que tem mais tempo de sobriedade, eu pensava, olhando aqueles meninos e meninas com olhos, ouvidos e coração interessados: se um tiver com problema e conseguir ouvir e retomar o controle da própria vida, já terá sido o suficiente. Eu ouço o Diogo porque há 20 anos saí das trevas e aprendo com todos que estão neste caminho só por hoje., E me encanto com sua determinação, sua coragem de entrar neste moedor de carne da política para, quem sabe, salvar mais uma vida. Está salvando a dele e de muitos, tenho certeza. E vou votar nele por isso e porque ele faz isso porque tem honestidade consigo mesmo, logo, é honesto em tudo, qualidade que deveria ser normal no ser humano, mas não é – e estes senhores políticos insistem em nos provar isso no dia-a-dia. É preciso ter esperança para sobreviver à angústia, escreveu uma vez o saudoso Fausto Wolf, que morreu de tanto beber, aliás. Diogo Busse materializa, para mim, isso, porque sabe o que faz e o caminho a seguir para se manter na luz e mostrar isso para quem ainda não conseguiu.

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6 ideias sobre “Declaração de voto

  1. Célio Heitor Guimarães

    Compute aí, amigo ZB, dois votos para o Diogo. Votos abertos e assinados.

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