7:18A água bebeu a onça

Depois da “bala de prata”, que agora ele diz que não foi invenção dele, mesmo porque era de lata, o senador Roberto Requião inventou mais uma de arrepiar. Foi ontem, em seu último programa da campanha gratuita na televisão. Disse que, no segundo turno, “a onça vai beber água”. O que seria isso? Quem é a onça? Quem é a água? E se não tiver segundo turno, como sinalizam as pesquisas que ele não acredita, com a exceção de quando elas são favoráveis a ele, como aconteceu em sua última disputa ao governo? Lembram? A boca de urna lhe dava vantagem sobre Osmar Dias. Ele, Requião, marcou entrevista coletiva para o dia seguinte antes mesmo de a votação terminar. Entrevista no Palácio. Confiou nas pesquisas porque tinha uma vantagem pequena, mas segura, sobre o adversário – e se considerava reeleito. O que aconteceu? Venceu por apenas 10 mil votos e quase ficou mais louco no Canguiri durante a apuração que só lhe deu a vitória no finzinho. No dia seguinte, deixou assustados até seus seguidores diretos, tal o chilique que teve atacando os jornalistas e a imprensa como se estes fossem culpados de alguma coisa. A onça vai beber água! Assim encerrou a campanha o senador que, aos 73 anos, perdeu o rumo, o brilho, aquela empáfia toda que enganava bem – e choramingou reclamando do principal adversário, admitindo assim ser este mais forte. Reclamou que foi atacado! Uau! Não é esse o Requião que seus eleitores conheceram durante anos e anos de carreira política. Ele que inventou o Ferreirinha, que atacou José Richa com o argumento da aposentadoria que hoje recebe; ele que disse fazer pacto com o diabo para vencer uma eleição… Requião hoje recorre a um chavão do tempo em que se amarrava cachorro com linguiça, para ficar com um termo forte, moderno e eficaz como o que ele usou. Para o único paranaense três vezes governador do Estado, talvez o último líder nato da história política da província, apelar para uma afirmação dessa como isca para receber votos, provoca tristeza até nos adversários. E, depois, como golpe final, mas nele mesmo, no epílogo desta aventura onde ele jamais deveria ter entrado, utilizou, ao arrepio da lei eleitoral, o horário destinado à propaganda dos candidatos a deputado de seu partido. O arauto da moralidade, da honestidade, do enfrentamento, o homem que se achava deus, acabou fechando a opereta bufa como um malandro sem qualificação. A água bebeu a onça.

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7 ideias sobre “A água bebeu a onça

  1. Leda Vieira

    Tecto correto e verdadeiro. De Requião cai a máscara que escondia a cara dos dólares no armário do irmão do Porto, dos desmandos, da arrogância, do falso moralismo, da mentira, das tvs laranja da vida, do atraso politico e econômico que promoveu, …
    A máscara caiu…

  2. T. Birnbaum

    Análise perfeita, ZB. Isenta e bem sintetizada. O senador não tem eleitores, tem seguidores. E seguidores acreditam piamente no seu “líder”, não contestam nada, irritam-se com as críticas e o defendem bravamente, às vezes até com grosserias. É Deus no céu e o “líder” aqui na terra. Só isso para explicar os 30% de intenção de votos que este senhor ainda tem, apesar das barbaridades e arbitrariedades que comete. Mas democracia é assim mesmo, temos que respeitar a escolha desses cidadãos.

  3. toledo

    Quem é bonzinho e não faz pipi na cama, é o Piá de Prédio. Acorda povo, esse rapaz é um malandro agulha de primeira. O próprio Pai dizia que ele não estava preparado para ser Prefeito de Curitiba imagine Governador. Coitado do Povo que vota neste sabonete.

  4. Ivan Schmidt

    Trabalhei com Requião no primeiro mandato até o dia em que deixou o mandato para se candidatar ao Senado, e meu testemunho pessoal isento é que foi um GRANDE governador, mesmo demonstrando aqui e ali insopitável inclinação para a arrogância e a basófia. Cada vez que inaugurava alguma obra executada por prefeitos municipais, ao deixar o local da inauguração, nunca deixava de comentar que, no mínimo, o prefeito tinha levado 30% de comissão… e outras coisas, como a declaração de que havia dado hospedagem na casa de seus pais a Che Guevara, quando este correu a América do Sul (o cara nem passou pelo Brasil), que estudou marketing político com o mesmo professor do papa João Paulo II e por aí afora.
    A transformação do homem foi brutal nos dois últimos mandatos: todos os seus amigos leais, com exceção dos familiares o abandonaram (foram expelidos, na verdade), tornando as cenas exibidas numa das últimas propagandas eleitorais (as mulheres da vida de Requião), o reconhecimento do fracasso estrondoso. Para usar imagem tão ou mais desgastada que a fábula da raposa e as uvas diga-se que Requião está morrendo do próprio veneno que (nem) sempre destilou…

  5. toledo

    Muita bom o seu comentário Ivan. Sempre tive essa ideia do Requião. Ele fala porque tem um boca grande, mas foi bom prefeito e bom governador. Não sou um eleitor dele, mas ele não poder ser comparado ao Piá de Prédio que e um bobinho do Batel. O Beto Jeitoso, criou a dupla sertaneja
    BETO & PESSUTI , OS MALANDROS.

  6. ABIB KHALIL

    É…. o show da vida paranaense. Cada um pior do que o outro. Ficamos entretidos com o Maria Louka X Piá de Prédio , enquanto o pobre Paraná afunda….

  7. Professor Xavier

    Se depoimento de gente que trabalhou com o Pinoquião não prova que o cara é maluco, não cou ser eu que o conheci antes de ser vereador é que vou convencer. Mas o que gostei mesmo foi esta história de dizer que os pais hospedaram o Che em visita que ele nem mesmo fez ao Brasil, esta é mesmo de matar. Se até agora achavam que estavam só de sacanagem com o Pinoquião, esta arrebentou a boca do balão.

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