7:57Ação livre na causa

De Luiz Geraldo Mazza, na Folha de Londrina

Nos estudos de Direito Criminal há a figura da “actio libera in causa”, ação livre na causa, configurada por exemplo no homicida que se droga previamente para usar o bloqueio dos sentidos como dirimente, isso é alegar que não tinha consciência do que fazia. Apesar da acrobacia é exatamente o que estão pretendendo os sindicalistas da Universidade Federal que impediram o ingresso dos conselheiros na Reitoria e agora pretendem arguir nulidades no fato de alguns votos terem sido obtidos por telefone ou teleconferência em processo no Judiciário, contestando a aprovação do convênio com a Ebserh. 

A selvageria do impedimento, posta sempre como “de esquerda”, lembra em tudo o faccio dos fascistas na junção das armas agressivas em feixe. Esse raciocínio é de quem se acha absolvido pelo que faz na suposição de que se trata de uma causa final. O fato é que os manifestantes tinham consciência de que levada a votos a batalha estaria perdida e com enorme diferença, tal qual aconteceu. Impedir a votação era a única alternativa e pelo conflito criar o clima de martírio e de “revolução” que aflora no imaginário sindical, quem sabe com prisões, feridos, ardência do gás de pimenta, correrias, enfim o cenário para o posterior vitimalismo e acumular energia da repressão buscada conscientemente para nutrir o “currículo” guerrilheiro. 

Como já haviam impedido antes a votação, acreditaram que a intimidação em cima dos votantes, com mais força e determinação, os levaria à capitulação e pareciam ignorar que situações semelhantes precederam outros convênios e que foram reconhecidos na justiça ante alegações como as que vão renovar. De tudo dá para lembrar a metáfora do homicida que se droga para alegar que não tinha consciência do ato praticado e acaba, embotado, batendo sorvete na testa. 

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Uma ideia sobre “Ação livre na causa

  1. Pedro Bó

    Essa gente que diz defender o HC público na verdade quer o hospital só pra eles. Ignoram a necessidade da população e se acham donos de um bem público. Onde está o Ministério Público quando o sindicalismo que só pensa no emprego de meia dúzia, em detrimento de milhares de doentes que necessitam do HC, faz campanha paga em rádio para dizer que estão privatizando o hospital. Como é privatizar algo para uma empresa pública chamada Ebserh?

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