8:41Rebeliões em campanha

A barbárie que aconteceu na penitenciária de Cascavel virou tema de campanha. O senador Roberto Requião ataca o adversário, Beto Richa, pela mudez a respeito, e a imprensa, que não dá o devido destaque à morte de cinco presos, alguns deles decapitados, etc. Aproveita para encher a bola de como tratou o sistema penitenciário nos seus dois últimos governos. Esqueceu apenas de citar a rebelião na penitenciária de Piraquara que aconteceu em janeiro de 2010 onde seis presos foram mortos por outros presidiários (alguns queimados vivos) e oito ficaram feridos. Na época o governador suspeitou de a revolta ter sido alimentada pelos agentes penitenciários, afinal, o sistema, sob seu comando,  deveria ser um dos melhores do mundo…

Da Gazeta do Povo

Além de deixar seis mortos, oito feridos e um conflito entre as se­­cre­tarias estaduais da Segurança Pública (Sesp) e da Justiça e da Cidadania (Seju), a rebelião ocorrida na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na quinta-feira da semana passada, resultou na reativação do antigo presídio do Ahú, em Curitiba, que não era usado desde 31 de agosto de 2006. Segundo o governo do estado, 408 presos de me­­nor perigo devem ser transferidos para a unidade entre hoje e amanhã.

A indefinição sobre a data se deve à necessidade de readequações estruturais, especialmente no sistema de esgoto. Depar­tamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen-PR) e Seju, no entanto, garantem a segurança do já centenário estabelecimento, inaugurado em 1909 e com capacidade para 750 detentos. O plano do governo do estado é instalar no local o Centro Judi­ciário, que irá abrigar as varas de primeiras instância da Justiça em Curitiba.

Sem consenso sobre o que teria motivado a rebelião na Peniten­ciária Central do Estado (PCE), um inquérito policial foi instaurado para investigar se há o envolvimento de agentes penitenciários com o motim. A determinação foi dada ontem pelo governador Roberto Requião. O confronto entre detentos de facções criminosas rivais é apontado pelo governo como principal motivo da rebelião e poderia ter sido facilitado. Já o Sindicato dos Agentes Peniten­ciários do Paraná (Sindarspen) sustenta que a retirada de policiais militares da guarda interna do presídio teria sido o estopim para a ação dos presos.

O governador chegou a publicar ontem em seu Twitter, na internet, que “existe a hipótese da rebelião da penitenciária ter sido provocada pelo Sindicato dos Agentes. Vamos investigar”. A investigação será conduzida pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). “Temos muitos indicativos e muitas provas que demonstram que foi um comportamento absolutamente fora do normal na administração interna da PCE”, afirma o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

Segundo a assessoria de Re­­quião, informações da Polícia Militar (PM) e das Secretarias da Segurança Pública (Sesp) e da Justiça e da Cidadania (Seju) coincidem com dados veiculados pela imprensa. “A informação que alguns agentes e presos deram à imprensa, no transcorrer da rebelião, é que agentes ou o pessoal interno da penitenciária, a partir do chefe da segurança, liberaram numa única ala grupos antagônicos de presos. Isso provocou o conflito e as mortes”, disse o governador à Agência Estadual de Notícias.

Durante a rebelião, a Gazeta do Povo conseguiu contato por telefone com alguns detentos. “A própria polícia arquitetou para isso acontecer. Ontem (quinta-feira), na parte da tarde, jogaram a oposição (grupo rival) dentro da população carcerária”, disse um rebelado na sexta-feira.

O presidente do Sindarspen, Clayton Auwerter, disse que a rebelião estava programada para estourar no domingo e foi antecipada porque policiais militares foram retirados da PCE. “O sindicato não fez isso (estimulou a rebelião). Pelo contrário, tentou evitar. Nós protocolamos um documento na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) avisando que isso iria acontecer”, afirma. Auwerter não acha que a presença de facções rivais tenha motivado a rebelião. “Pode até ter antecipado os fatos, mas provocado, não. O que determinou essa situação toda foi a incompetência, a covardia e a irresponsabilidade desse governo de tirar a PM de lá”, ataca. PMs garantiam a segu­­rança da PCE desde 2001. Desde então, não houve mais rebeliões.

De acordo com a Sesp, um estudo baseou a retirada dos 20 policiais militares que faziam a guarda interna da PCE. O presídio continuou somente com o policiamento externo de 62 PMs. “Não havia um único policial armado dentro da PCE nesses dias. Os presos só respeitam os policiais armados”, conta o secretário da Justiça, Jair Ramos Braga. Ele diz que havia a necessidade de 16 policiais por dia para preencher todos os postos da PCE. “Mas, no dia da rebelião, não havia ninguém lá dentro”, afirma.

A Penitenciária Central

“A Penitenciária Central está completamente destruída. Por isso pensou-se no Ahú para colocar 408 presos temporários. Ela necessita apenas de reparos estruturais, sanáveis de imediato”, afirma Jair Ramos Braga, secretário de Estado da Justiça e da Cidadania. Outros 200 detentos devem ser levados à Peni­tenciária Estadual de Piraquara e ao Centro de Detenção e Ressocia­lização de Piraquara (veja infográfico). O tempo de permanência nos novos locais não está definido, mas deve variar de dois a três meses. “Estamos colocando as portas nas galerias. Essa reforma deve ser concluída entre 60 e 90 dias”, diz Cezinando Paredes, coordenador-geral do Depen-PR.

Para o uso do Presídio do Ahú, são necessários pelo menos 180 agentes penitenciários e 30 funcionários para serviços gerais. A solução encontrada pelo secretário é o remanejamento de servidores do interior do estado e da capital. Além da situação excepcional, a transferência se torna uma questão de segurança para alguns presos. “Entendo que ninguém goste de ter uma penitenciária como vizinha. Mas se trata de uma situação de emergência para restabelecer a ordem na PCE e garantir a segurança desses detentos”, diz Ramos Braga. “Caso contrário, se ficarem juntos com os outros, serão mortos”, acrescenta.

Reconstrução

A reconstrução da PCE segue em andamento. Até o momento não há estimativa para que o estabelecimento fique em condições de abrigar os 1,5 mil detentos que estavam na unidade na semana passada, nem previsões quanto ao custo da reforma. “Estamos fazendo inúmeros levantamentos, mas sempre aparecem novas situações”, esclarece Cezinando Paredes. No início da noite de ontem, cerca de 200 detentos foram encaminhados para uma das galerias. Outras 13 ainda seguem sem liberação.

Na operação “pente-fino” são observados todos os cubículos. “Há o trabalho de solda, para recolocação das portas nas galerias. É preciso observar os buracos cavados durante a rebelião, que são fechados com tijolos e concreto. Também tiramos to­­dos os ferros contorcidos, que podem se transformar em ar­­mas”, afirma Paredes. Neste primeiro momento, os presos de­­vem permanecer com livre trânsito nas galerias, pois a intenção do Depen e da Seju é tirá-los do pátio interno o mais breve possível. Apenas mais tarde serão instaladas as novas portas das celas. “São 480 portas para refazer. Esse é um trabalho que não acaba da noite para o dia”, diz Ra­­mos Braga.

Identificação

A sexta vítima e terceira identificada do motim da última semana é Carlos Alexandre Caetano, de 30 anos. Caetano foi um dos oito feridos da rebelião e acabou morrendo no hospital. No fim de semana, outras duas pessoas foram reconhecidas no Instituto Médico Legal: Orlando Quarta­rolli e Ale­xandre Carlos Simões. Dos cinco que morreram na semana passada, três foram encontrados carbonizados, situação que dificulta a identificação e pode exigir exames específicos, como de DNA ou de arcada dentária.

Apenas na madrugada de sexta-feira para sábado, primeira noite após o fim da rebelião, a Polícia Militar encontrou 300 armas artesanais na PCE. Ne­­nhum aparelho celular ou droga foram achados, segundo a Sesp. Extenso, o trabalho não tem data para ser concluído: a PCE tem 27 mil metros quadrados e 14 galerias que precisam passar por revista.

 

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5 ideias sobre “Rebeliões em campanha

  1. Fausto Thomaz

    Bandido bom é bandido morto….querem tacar fogo em colchão? durmam no chão, querem quebrar telhas? durmam ao relento e vou mais adiante…..querem se matar? que se matem.

  2. Nathan

    O senador ancião começa a apresentar fadiga de material. A língua e o chicote da bunda! Faça o que digo mas não faça o que faço!

  3. leandro

    Não vamos ser hipócritas, o fato de capitalizar as mortes ocorridas na rebelião é realmente assustador o oportunismo do senador. Ele deveria procurar sim apresentar propostas para acabar ou pelo menos reduzir o crime no estado. Quando todos dão mídia para o fato mais se alimenta a organização criminosa que muitos enfiam a cabeça no buraco como avestruz e dizem não existir. Lá daqueles que mataram, degolaram a atiraram outros presos do alto dos prédios nenhum tinha caracteristicas de Madre Teresa. Todos ou a imensa maioria são facinoras e cometeram crimes dos mais diversos. Assim querer que se de destaque ao fato é dar divulgação e Ibope a marginais que se sentiriam com seus egos aumentados. Não podemos acreditar que eles merecem tratamento diferenciado de nós que estamos acuados e pr4sos em nossas casas e mesmo assim sem garantias alguma a sanha dos bandidos. Todo esse problema ´´e o resultado de anos de incompetência dos poderes que devem cuidar do caso, começando com a parte policial, Ministério Público, Judiciário e depois a execução das penas. Muitos dirão que é melhor construir escolas do que presídios. Claro que é, mas na atual situação o esforço deve ser dobrado. Construir escolas e presídios seguros pois aqueles que já enveredaram pelo crime não são corrigidos devidamente e retornam a vida criminosa.

  4. Pingback: Rebeliões em campanha | Fábio Campana

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