O jornal Gazeta do Povo berra hoje em manchete que os juízes do Paraná ganham 12 vezes mais do que a média do trabalhador brasileiro. Poderiam ganhar mais, pois a função e a responsabilidade merecem. A ninguenzada, sim, essa é que ganha uma merreca e não tem como aumentar, por conta própria, o que a faz dançar na corda bamba sem rede de proteção a vida toda. O que os magistrados não podem é alegar que tudo está dentro da lei, que eles mesmo interpretam, inclusive os penduricalhos que aumentam – e muito, os ganhos mensais, como esse absurdo auxilio moradia que acabam de sacramentar, com o aval dos deputados estaduais e do governador do Paraná, e estender a coisa até para os aposentados, como informa no mesmo jornal o colunista Celso Nascimento. Esse verdadeiro tapa na cara de uma sociedade que já não acredita muito nos poderes constituídos, ou melhor, em quem exerce funções neles, esse tapa, que está espalhado em vários estados brasileiros, é contestado pelo próprio Conselho Nacional de Justiça, cujo relator da questão foi claro em execrar o benefício. Do jeito que foi homologado aqui (com a imediata adesão do Ministério Público, aquele cuja missão é defender o povo deste tipo de manobra), fica como uma mancha que coloca toda e qualquer manifestação dos togados, mesmo as corretas, como a reivindicação de que merecem até mais do que ganham, sob um manto de dúvidas. Se alguém que interpreta a lei – e julga, atropela o bom senso e se autobeneficia financeiramente de uma forma que foge ao bom senso, como acreditar no resto?