7:00As cotações da Boca Maldita

por Ivan Schmidt

O titulo do artigo é uma homenagem ao bordão usado no encerramento do “Jornal da Cidade”, boletim de notícias locais apresentado pelo saudoso Sale Wolokita, na TV Iguaçu nos anos 70, quando algum comentário jocoso ou mesmo uma sonora espinafrada botava o ponto final no programa.

Por enquanto, não há pesquisas para conferir se a versão é digna de crédito, mas não se fala outra coisa na Boca Maldita (o direito autoral pertence ao blog), senão na presença garantida do senador Roberto Requião no segundo turno da próxima eleição para o governo do Paraná. E mais, que ninguém lhe tira o quarto mandato.

Não que o escriba valorize em excesso o histórico retalho do centro da cidade, bem como a tradição que lhe é pespegada por gregos e baianos de ser território livre da democracia, da psicografia política, da fofoca e da maledicência e, vade retro, de que tudo o que se diz na Boca é sério.

Mas, tenho ouvido ali naquele exíguo espaço entre a porta do cafezinho e a banca de jornais, nas manhãs de domingo, com uma insistência que já passou do normal, que o homem que conversava com cavalos na granja do Canguiri, é disparado o favorito para o pleito de outubro. A falação vai desde informes colhidos em constantes viagens ao interior, contatos e/ou amizade com prefeitos e vereadores e informações de cocheira dos parentes que lá residem.

Um dos comentários que mais chama a atenção é a existência de autêntica “onda” Requião no interior, motivada sabe-se lá por que motivos, embora haja os que apontem como causa essencial a fragilidade da gestão chefiada pelo governador Beto Richa. Segundo os analistas ocasionais a atuação de Beto não empolga o eleitorado paranaense, assim como sua práxis de homem público não convenceu a maioria dos votantes de que o herdeiro político de José Richa mereça um segundo mandato.

Quando a conversa se desloca para o lado de Gleisi Hoffmann como candidata com potencial para chegar ao segundo turno, o papo esfria e somente os que se declaram petistas de carteirinha ousam afirmar que ela chega lá. E nesse particular, logo atacam os requianistas para contrapor que um segundo turno com Gleisi seria ainda mais fácil para o ex-governador. Pois também se ouve dos mais afobados que Beto sequer chegará à segunda rodada de votação.

Nesse ínterim, lembro-me da campanha em que Requião foi eleito para o primeiro mandato no Palácio Iguaçu. Os principais adversários de então eram o ex-governador José Richa e o deputado federal José Carlos Martinez, o Batatinha, na época aliado a Fernando Collor. A ênfase da campanha na televisão, especialmente, era bater em Richa, retratado de maneira sórdida como um marajá carregado por quatro escravos, aludindo à suposta quantidade de suas aposentadorias.

Numa viagem a Londrina no início da campanha, conversei com meu amigo e colega jornalista Coutinho Mendes, dono da Alvorada Pesquisas, instituto especializado na aferição das intenções de voto e elogiável margem de acertos. Coutinho me perguntou se eu teria algum contato com Requião nos próximos dias e respondi que sim. De fato, cobrindo a campanha para a Agência Estadual de Notícias, iria dois dias depois a Laranjeiras do Sul, onde o governador Álvaro Dias e Requião participariam do mesmo evento político.

Num intervalo passei a Requião o recado de Coutinho Mendes, que baseado em indícios claros pinçados do comportamento dos eleitores, considerava Martinez e não Richa o adversário com maior densidade e probabilidade de crescer no conceito da população. A resposta de Requião, pasmem, não se fez esperar, seguindo o seu diapasão: “Melhor pra mim. Eu amasso aquele baixinho com dois petelecos”.

Os que ainda têm na memória o que realmente aconteceu então lembram que Martinez não só liderou todas as pesquisas no primeiro e segundo turnos, perdendo para Requião apenas no dia da eleição. As sondagens realizadas pela Alvorada estavam rigorosamente certas, não apenas quanto ao desgaste da candidatura de José Richa, como na escalada de Martinez, que se manteve a frente de Requião até a última rodada de pesquisas do Datafolha, quando tremelicou um tênue indicativo de empate técnico.

“O Requião só ganhou no domingo da eleição”, assegurou o mesmo Coutinho Mendes algum tempo depois, acrescentando que “muitíssimos eleitores saíram de casa decididos a votar no Martinez, mas mudaram de opinião na própria cabine eleitoral”. Guardadas as distâncias entre uma ocasião e outra, o mesmo fenômeno ocorreria na conquista do terceiro mandato, quando Osmar Dias seria derrotado por escassos 10 mil votos, em súbita lufada de vento espirrada pelos deuses da política.

E na eleição que está vindo aí, o que sucederá?

A campanha propriamente dita nem começou e Requião já desponta como favorito, a julgar pelos rumores da vox populi, que dizem ser a voz de Deus.

É preciso ir devagar com o andor pra evitar que o santo desabe lá de cima e se faça em pedaços. Para comprovar se a “onda” Requião é de fato verdadeira, é necessário verificar o que nos reservam as primeiras pesquisas sobre as tendências do eleitorado.

Nem sempre a voz das ruas é o sinal para que se comece a soltar rojões. Repouso, nesse caso compreendido como ter os pés firmados no chão movediço da política, e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

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6 ideias sobre “As cotações da Boca Maldita

  1. John

    Realmente não entendi.

    Quer dizer que o comedor de mamonas fraudou a 1 eleição com o Ferreirinha, quase perdeu a 4 eleição para o Osmar, mentiu descaradamente nas pesquisas de 2010 dizendo que tinha larga vantagem em cima do Gustavo Fruet e quase perdeu e agora dizem que existe uma onda Requiao???

    O que é isso? Ele grita e todo mundo abaixa a cabeça e obedece!?

    Não!!!!!

    Chega dessas mentiras, o povo não pode ser otário de acreditar nesse Homem que nem é de Deus, pq fazer pacto com o diabo como ele mesmo disse não serve para o nosso Estado e nem para o nosso pais!!!

    Um homem que incentiva as invasões de terra, como a invasão da fazenda Araupel, cuja entrevista ele deu dia 16 não pode ser a favor do Paraná!!!

    Um homem que jogou todas as indústrias para os outros estados não pode ser do Paraná!!

    Somente os asseclas do Porto o querem de volta, pois os que trabalham lá de verdade querem o ver na Venezuela!!!

    Já não cansaram do baixa ou acaba ou querem mais sandices de novo!!!

    Tenho certeza que não!!!

  2. Tayco

    O de Melo e Silva foi acossado nas cordas e aí ele vira o “tinhoso” malandro. Tem experiência e dá de 1000 em técnicas para se safar de embaraços.
    Ou seja: Com dois petelecos vai despachar o “incompetente” e a “bunitinha”.
    Nas conversas que mantenho nas rodinhas de amigos, a tendência é de votar em candidatos menos expressivos.
    Muitas surpresas pela frente.

  3. antonio carlos

    Até outubro tem muita água ainda para rolar por baixo da ponte. Mas uma coisa é certa, se a princesinha Barbie conseguir um terço dos votos que recebeu em 2010 já terá sido um ótimo negócio.

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