8:38Quando a bola rolar

Não é preciso recomendar para que, pelo menos por 90 minutos, esqueçamos a parte podre deste país maravilhoso. Porque assim é que a magia em torno da bola se faz. É uma paixão herdada e eterna e que nos faz acordar procurando a camisa da seleção de 58, a que transformou em conquista tudo o que os outros heróis tentaram, mas amargaram o choro da derrota inesperada. A bola escolheu o Brasil como morada, porque reverenciada sempre e tratada com o carinho que Nilton Santos declamou em poesia em forma de fala e atitude. Ela elegeu aqui um Rei, de nome Pelé, e fez de Garrincha o embaixador da alegria em todos os estádios, ele o mais simples de todos os brasileiros que sucumbiu fora dos gramados afogado na tristeza que não conseguiu driblar sem ela nos pés. Vivemos um momento estranho neste país gigante e explorado até o talo por ser criança inocente que se atrapalha diante do que tentam fazer até com sua enlouquecida paixão pelo futebol. Mas hoje é o dia em que o que vale, para tudo, é o que vai acontecer dentro das quatro linhas. E a paixão pelos craques, essa que fez o mineiro reverenciar o pé esquerdo de Messi, esse sentimento tão forte, tão puro, é o que faz um povo todo confiar no menino Neymar, ele que tem o talento, a irreverência e a chama daqueles que nos legaram esse estado de espírito, essa expectativa, essa certeza e também dúvida sobre o que vai acontecer quando a bola rolar. E quando isso acontecer, pelo menos nessa hora e meia, a certeza é que todos nós viveremos um momento único – de deslumbramento.

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