de José Maria Correia

 

Há certos dias em que nos padecemos tanto,
De como a vida nos estranha
Nos irreconhece e nos  maltrata
Que sem sentir culpa
Até  perdemos o prumo e a circunstância.
Pois foi num desses dias desalentados
Daqueles que afugentam as musas
E só acontecem em Março
Que encontrei esquecida e anotada
A  minha versāo  livre da cançāo  de Juan Manuel Serrat
Que quis compartilhar antes que de novo
Venha a perde-la.

 

“De vez em quando
Inesperadamente
A vida
Nos beija na boca
E em cores se desata
Como um arco-iris
Nos passeia pelas ruas
Em volteios
E nos  sentimos de repente
Em boas mãos

 

A vida segue
Se faz em nossa medida
Toma o nosso passo
E saca um coelho da velha cartola.
Nos  deixando  felizes como meninos
Quando saem da escola.

 

De vez em quando a vida
Toma comigo um café
E é tāo bonita que
Dá gosto ve-la
Se solta o cabelo e me convida
A sair com ela a flanar.

 

De vez em quando a vida
Nos brinda em gentilezas
E nos presenteia um sonho
Tāo delicado
Que se tem que andar em
Passinhos
Para nāo romper o encanto

 

De vez em quando a vida
Desenha com o pincel a arte
Nos arrepia a pele
E faltam palavras apropriadas
Para dar nome ao que oferece
Aos que sabem desfrutá-la

 

De vez em quando a vida
Nos prega uma peça
E a mim a muito
Tem pregado
Até que nos despertamos
Um dia vago

 

Sem perceber que  ela passa
Distraídos ,sossegados
Chupando um sorvete
Sentados num banco na praça ”