por Sergio Brandão

Claro que a intenção é a melhor possível. Claro que, como esta, outras iniciativas vão surgir para tentar tornar pacífica a convivência entre carros e bicicletas. Mas talvez seja interessante partir de um ponto: que os dois, bicicletas e carros, são pilotados pela mesma criatura, com as mesmas neuroses. Quando no carro, fica macho; quando na bicicleta, reclama do carro. Isso se sobrar alguém pra contar a história. Geralmente a experiência é mais traumática que isso – e sempre sobra para quem pedala.

Com as faixas vermelhas pintadas por toda a extensão das ciclovias da cidade, criou-se um outro problema: alguns respeitam, outros não. Ciclistas menos informados acham que a ciclovia virou preferencial. Que todo carro precisa parar ao se deparar com uma faixa vermelha pintada no asfalto. Alguns motoristas dão a vez, mas quando a pista do carro dá passagem para dois ou mais veículos,  uns param, outros não. O ciclista esperto não aceita a vez e fica na espera. Os mais ousados encaram, e alguns já se deram mal.

Exemplo real: na ciclovia que cruza a rua Augusto Stresser, margeando a linha do trem, muitos motoristas dão prioridade aos ciclistas e pedestres, mas outros não. Ali, a pista afunila e só passa um veículo. Mesmo sendo um cruzamento de linha férrea, com sinal vermelho piscando constantemente, faixa vermelha pintada no chão, outro dia um carro entrou na traseira do outro. O da frente estava dando passagem ao ciclista. Os dois motoristas saíram do carro metendo a boca no ciclista, o menor culpado da história. Estava parado no cruzamento, esperando a vez para atravessar.

O que precisa é de uma campanha, mas tem que ser educativa. Tem gente de tudo quanto é jeito pedalando por aí – e a maioria não sabe de nada. Precisa educar motorista e ciclista. Não adianta decidir em gabinete e sair pintando cruzamento de vermelho.

Uma sugestão: que tal dividir a responsabilidade com os empresários do transporte coletivo, que só querem ganhar o deles e nunca pensaram em gastar um tostão para uma cidade melhor?