20:42Virginia Lane, adeus

Do jornal O Globo

 

Uma das mais importantes vedetes do cinema e do teatro do Brasil, Virgínia Lane morreu às 16h50m desta segunda-feira, no Hospital São Camilo, em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Ela estava internada havia nove dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Segundo Marta Sampaio, única filha da ex-vedete, Virgínia teve falência múltipla dos órgãos após sofrer de uma forte infecção urinária.

– Há cinco anos, minha mãe separou a roupa com que ela desejava ser enterrada: coroa, maiô, meia, strass e muitas plumas, ou seja, caracterizada de vedete. Ela já tinha dito que não queria flores no seu caixão e ninguém chorando no seu velório – disse Marta, que morava com a mãe na cidade de Piraí.

A família informou que o corpo de Virgínia Lane deverá ser velado na Câmara Municipal de Piraí e depois levado para o Teatro João Caetano, no Centro do Rio. O enterro será no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. O prefeito de Pirai, Luiz Antônio Neves (PSB), decretou luto de três dias na cidade.

Virgínia participaria da abertura oficial do carnaval do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no próximo dia 28 de fevereiro, data em que completaria 94 anos.

Nascida Virginia Giaccone em 28 de fevereiro de 1920, ela começou cedo na carreira artística: aos 15, cantava no programa “Garota Bibelô”, da rádio Mayrink Veiga, comandado por César Ladeira; aos 18, já atuava no cinema; aos 23, passou a integrar o elenco do Cassino da Urca, onde cantou e dançou à frente de orquestras como a de Carlos Machado e Benny Goodman.

A atribulada agenda artística não a impediu a seguir com os estudos. Interna do Colégio Regina Coeli dos seis aos 14 anos, passou pelo Instituto Lafayette, em Botafogo, e chegou a cursar o primeiro ano da faculdade de Direito.

O auge de sua carreira foi na década de 1950. Ao todo, participou de mais de 30 filmes como “Laranja da China”, de Ruy Costa, e “Carnaval no Fogo”, de Watson Macedo, além de contracernar com nomes como Oscarito, Grande Otelo e Zé Trindade.

Sua carreira também foi prolífica nas peças do teatro de revista. Virginia foi uma das artistas de maior prestígio durante o governo de Getúlio Vargas, de quem recebeu, em mãos, a faixa que acabou se tornando seu título: “Vedete do Brasil”. Ela mesma afirmava que teve um caso com o então presidente durante uma década.

Já famosa como vedete do teatro de revista, Virginia Lane gravou em 1951, a marchinha “Sassaricando”, de Luis Antônio.

Inspiração para a novela “Locomotivas”, de 1977, a primeira a ser exibida a cores no horário das 19h na TV Globo, a ex-vedete integrou, em 2005, ao lado de outras ex-vedetes, o elenco da novela “Belíssima”, da TV Globo. Ela voltou a aparecer em uma atração da emissora dois anos depois, em “Sete pecados”.

Virgínia foi casada duas vezes. Em 1970, com o segundo marido, passou a morar em um sítio em Piraí, no Rio de Janeiro, onde fixou residência para encurtar o caminho para São Paulo, onde gravava o programa “Show de calouros”, de Silvio Santos, como jurada. Na cidade, a ex-vedete chegou a ocupar o cargo de Secretária de Turismo.

Em 2002, sofreu um acidente de carro que lhe obrigou a colocar pinos em suas pernas, outrora consideradas as mais bonitas do Brasil.

A ex-vedete recebeu a última homenagem em vida no dia 25 de janeiro deste ano, quando foi eleita a Imperatriz do Amazônia, em Belém, no Pará.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.