7:23Frente fria, onde anda você?

por Sergio Brandão

 

A gente até suporta um calorzinho no verão, desde que seja de uns 29, 30, até 31 graus.  Curitibano mesmo tem é orgulho da neve de 75, das geadas de todo inverno, da  blusas de lã, do sobretudo, da calça de veludo, da ceroula, do pijama de flanela.. .do quentão da Iguaçu, dos vários lugares onde é possível fugir do frio tomando um cafezinho. Do ar condicionado que nunca funcionou no verão, mas quebrou muitos galhos no inverno. Curitiba é uma cidade onde o lençol térmico não colou, porque lençol é equipamento de verão.

Uma nova Curitiba está surgindo das profundezas do inferno. Onde já se viu ter que abrir mão do tradicional cafezinho? Sim, porque cafezinho nesta sucursal do deserto é gol contra. Onde já se viu gastar tanta água com banho. São dois, três ou até quatro por dia. Na mochila já é preciso carregar duas ou três mudas de camisa. Ainda tem quem culpe o Lerner pelo sufoco que se passa nos ônibus ou nas estações tubo – que chegam a 57 graus. Onde já se viu isso? Coisa impossível de imaginar. Saudades do Iwamoto, o papa da meteorologia dos anos 70 e 80, com suas previsões de queda brusca de temperatura nos próximo dias, com uma entrada de frente fria que se instala por aqui e só nos deixa próximo do Carnaval.

Nas redes sociais, a pergunta que não quer calar: Frente fria, sua linda, onde anda você?

Quero a minha Curitiba de volta! Pode até ser a Curitiba do verão mesmo, mas aquela que em pleno janeiro é preciso puxar uma cobertinha às 4 da manhã. A Curitiba que vira matéria dos impressos e telejornais, quando a garotada usa a fonte da Praça Osório para se refrescar.

Este calor está doendo, estragando, tirando o charme da minha cidade, sempre elegante até no rigor do verão de 30 graus. Estes números que chegam perto dos 35, indicam muito mais que um calor insuportável. Vejo uma Curitiba perdida, vazia nas ruas, sem saber direito o que acontece. Alguns ainda insistem no moletom do finzinho da tarde, quando a temperatura cai.

Você que veio passar as férias aqui e deu o azar do trocar o calor da sua cidade pelo nosso,  volte ano que vem. Garanto que isso não se repete mais. Este calor nos pegou de surpresa, não terá a segunda vez. Ano que vem será diferente. Nem que para isso compremos uma guerra. Porque até as flores do Botânico podem ser trocadas, como á água do lago do Passeio Público também é purificada de tempos em tempos, assim como a mão das avenidas também são trocadas, mas não mexam no nosso clima – aí o buraco é mais em baixo.

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