8:41O Atlético Paranaense terá Washington Cesar Santos

Um grande jogador estará hoje em campo vestindo na alma a camisa rubro-negra paranaense por amor. Em campo dentro das quatro linhas e também na geral, porque ele é da geral. Não pode andar, tem dificuldade em falar, seu corpo definhou com os anos em que luta contra a doença, mas que força ele tem! Seus olhos têm o brilho das pessoas de bem, das crianças que cresceram e continuam crianças no que há de melhor nisso. Seu sorriso tem uma carga tão forte que nós outros, os que ainda estamos aprendendo a desatar os nós da alma, as culpas, o não entender direito qual o sentido disso tudo, nós que temos saúde e não damos importância para isso, nós, os que precisamos de divãs e remédios para manter um certo equilíbrio, nós que não aceitamos não, que brigamos por nada, bem… nós recebemos aquilo com uma força da natureza tão forte que diante dele voltamos a ser a gente mesmo. Esse menino baiano de Valença foi escolhido pela bola para ser um atacante de quase dois metros de altura e de estilo clássico, com longas pernas a flutuar pelos gramados da Bahia, de São Paulo, do Paraná e Rio de Janeiro como protagonista do maravilhoso balé dos jogos de futebol. Hoje ele estará presente no estádio da Vila Capanema porque foi com a camisa do Atlético Paranaense que ele deu a grande virada na sua carreira, iniciada de forma exuberante no Galícia, mas que não vingou no Corinthians e Internacional. Ele foi a Portugal e depois redescobriu o Brasil na Baixada, ao lado do amigo Assis. Os dois formaram uma das mais espetaculares duplas de atacantes do futebol brasileiro – e os três títulos cariocas e o Brasileiro que ganharam com a camisa do Fluminense estão eternizados na calçada da fama do Maracanã, onde as marcas dos pés dos dois estão ali para sempre ao lado de monstros sagrados do futebol brasileiro. Também por ser Flu, ele hoje estará contra o inimigo de sempre, o Flamengo. Washington Cesar Santos jamais perdeu o bom humor, apesar de ser atacado por uma doença terrível, degenerativa. Ele tem a força vital que, no começo, meio e fim, é o que interessa. Passa isso até sem poder falar ao telefone, mandando recado por sua Mari, companheira fiel que serve de interlocutora. É esse grande homem que estará presente hoje com os atleticanos na primeira batalha pela conquista da Copa do Brasil. O que vai acontecer, ninguém sabe, porque assim é o futebol. Mas o fato de o Atlético Paranaense ter aqui em Curitiba essa presença, essa força, vale mais do que qualquer conquista.

 

 

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