19:07No Cometa, com Lou Reed

Um Cometão me levou a Lou Reed. E vi um dos melhores show de rock da minha vida. Foi na Sampa suja. Foi numa casa de shows toda negra. E se ele tinha fama de tocar de costas para a plateia, como para dizer que o que importa é o recado do som e das letras, naquela noite ficou de frente e o rosto estava iluminado. Claro que a gente sempre pensa que é por nossa causa, porque é assim que se fantasia. Lou Reed sobreviveu e naquela altura do campeonato eu estava sobrevivendo depois de percorrer os caminhos sórdidos do porão da vida. E a combinação da voz e a guitarra deles era como assim como admirar uma navalha aberta, aquela que nos cortou e fez sangrar durante muito tempo e agora está ali apenas para a admiração, por ser arma branca, por ter linhas atraentes, por ter o poder da morte no aço e no fio que mete medo. Reed sabia de tudo isso e transformava em versos e disparava mensagens para nossas almas. Fiquei a noite toda esperando uma música, porque desde que a ouvi pela primeira vez, “bateu”. Ele terminou o show sem tocá-la. Depois, atendendo a pedidos (de quem? de quem?) detonou uma carga de energia tão grande que me vi bailando alucinadamente pelo grande salão negro e percorri naqueles poucos minutos todos os cantos e recantos da terra que estavam aqui dentro – mesmo os não conhecidos, como a Nova York dele, e os conhecidos, como a Vila Nova York que fazia divisa com a minha Vila Rica no subúrbio paulistano. Agradeci e voltei no Cometão admirando ainda aquela rastro de luz. A música? Video Violence. Confira:

http://grooveshark.com/#!/search?q=mistrial

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