10:52A lei

por JamurJr.

 

O folclore da política sempre teve no poder legislativo uma fonte inesgotável de boas e hilariantes histórias. É ali, na chamada “Casa do Povo”, local de grandes e pequenos debates sobre os mais variados temas, quase sempre na defesa dos interesses da comunidade, que surgem situações que entram para os anais das histórias pitorescas registradas nas Câmaras de Vereadores. Contam que na década de 70 os representantes do povo discutiam sobre a ampliação da captação de água para a cidade de Guaratuba. Nesse tempo a falta de água angustiava os moradores e espantava os turistas. Nos estudos preliminares realizados por alguns técnicos, contratados para indicar as fontes de fornecimento, surgiram duas alternativas consideradas as mais viáveis. Uma delas era transportar até a sede do município a água do rio do Mero e a outra da região do rio Parati, um pouco mais próximo. Esta última sugestão pareceu a melhor, já que os custos seriam menores em função da distância mais curta. Mas como trazer água de locais que ficavam do outro lado da baía? O transporte deveria ser por dutos submarinos ou aéreos? Por dentro do mar era muito caro. Os vereadores acharam que a melhor solução era por cima da água da baia. Mas, surgiu um problema. Como o transporte do precioso liquido dependia de gravidade desde a captação até a chagada nos reservatórios da cidade, criou-se um impasse. E foi aí que a discussão ficou mais quente.

– Senhor, presidente – bradou um edil mais ilustrado – eu acredito que será preciso vencer o problema da lei da gravidade para que essa água chegue até nossas casas.

Um colega de poucos conhecimentos e muita vontade de aparecer pediu a palavra para fazer suas considerações.

– Concordo com o nobre colega, mas acho que se o problema for essa lei da gravidade, nós podemos derrubar. Afinal, temos maioria na Casa.

Um terceiro vereador entrou na discussão levantando outro problema.

– Mas antes de tudo é preciso saber se essa lei da gravidade não é estadual ou federal. Se for, não podemos fazer nada.

 

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Uma ideia sobre “A lei

  1. se

    Muito bom! Quem sabe uma consulta ao STF não resolveria o problema de vez com um embargo infringente?

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