16:31“Economist” solapa ofensiva de charme do governo Dilma

por Patricia Campos Melo

 

A ofensiva de charme do primeiro escalão do governo Dilma em Nova York foi solapada pela capa da revista “Economist” desta semana.

A presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda Guido Mantega, o titular da pasta do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estavam todos nos EUA para convencer investidores internacionais a injetar dinheiro nas obras de infraestrutura no Brasil.

O pessoal repetia como um mantra “Sim, nós respeitamos contratos!”

Mas aí sai a “Economist”, lida por 10 entre 10 investidores internacionais, com a capa : “Será que o Brasil estragou tudo?”

Em novembro de 2009, a “Economist” decretava “O Brasil decola”, com a imagem que se tornou icônica, como muitas das capas da revista britânica: um Cristo Redentor na forma de foguete –especial de 14 páginas sobre a grande história de sucesso da América Latina.

Agora, o Cristo Redentor foguete está caindo e a pergunta “será que o Brasil estragou tudo?” é o título.

Diante dessa poderosa campanha de marketing negativo, vai ser difícil o Brasil seduzir os investidores já arredios.

Algumas das expressões usadas no especial da “Economist” sobre o Brasil mostram o tamanho do mau humor dos investidores com o país: “muitos agora se perguntam se (o Brasil) teve apenas um voo de galinha”, diz a revista.

“Ms Rousseff tem passado sermão nos empresários para que eles invistam mais, mas ela ignora o fato de que o obstrucionismo do governo e excesso de intervenção é que estão afugentando os investidores”, pontifica, para logo depois advertir: “os mercados não confiam em Ms Rousseff”

A “Economist” até se posiciona eleitoralmente: “Por enquanto, eleitores brasileiros têm poucos motivos para reeleger (Dilma).”

E caracteriza a presidente como uma “ex-burocrata sorumbática, nunca formou uma conexão pessoal com o eleitorado”.

Já Eduardo Campos recebe o aposto de “amigável aos negócios” (business friendly).

A lista de adjetivos pouco elogiosos a Dilma se avoluma: ao lidar com aliados, Dilma tem mostrado “uma mistura de arrogância, inexperiência e talvez um compreensível desprazer pelas barganhas de poder necessárias para governar o Brasil”, diz.

Na reportagem que trata de infraestrutura no especial, a “Economist” decreta: “Toda a infraestrutura do Brasil é decrépita” e diz que a Infraero é sinônimo de “incompetência”.

No especial Brasil que dá certo, de 2009, a “Economist” alardeava que o Brasil “supera” os outros BRICs, “trata investidores estrangeiros com respeito” e “fez sua entrada no palco mundial.”
O ex-presidente Lula é alvo de elogios: ele “merece grande parte da adulação que recebe”, segundo a revista.

E, por fim, a bíblia dos investidores globais decretava: o Brasil é “excitante para brasileiros e estrangeiros”.

Que diferença fazem três anos.

 

*Publicado na Folha de São Paulo

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Uma ideia sobre ““Economist” solapa ofensiva de charme do governo Dilma

  1. antonio carlos

    Será mesmo que a companheira presidanta Monica ferrou com tudo? Na minha opinião ferrou mesmo. Mas quem sou eu na ordem do dia, parodiando o presidente do STF, um reles mequetrefe. Porem não se esqueçam de que os mequetrefes também votam.

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