6:36Crianças Cristal

por Célio Heitor Guimarães

 

Elas têm olhos grandes, penetrantes. Mesmo bebês, quando nos olham, parecem perscrutar nossas almas. Normalmente, são dóceis, afáveis, embora avessas a ordens. Não têm medo. Amam a natureza e particularmente os animais. São magras e delgadas. Aparentam ser frágeis, mas só aparentam, porque têm enorme resistência física. Têm também sensibilidade à flor da pele. Não toleram incoerência, falsidade e injustiças. Nem sempre são boas alunas, porque não têm paciência com os métodos atuais de ensino.

 

Uma historinha ilustra bem isso: um menininho de três anos está na escola e, com seus coleguinhas, ouvindo a professora. Lá pelas tantas, a mestra afirma que “devemos ser magnânimos”. O menino levanta a mão e indaga: “Professora, o que é magnânimo?” Ela explica como pode. E ele, então: “Por que a senhora não explicou antes, desse jeito? Somos crianças, professora!”

 

Sabem o que a docente fez? Expulsou o aluno de apenas três anos da sala de aula e convocou a mãe dele para uma conversa na escola. Ali, o filho foi descrito como rebelde e indisciplinado, e exigido uma tomada de “providência”.

 

Mal desconfiava a pobre professora que tinha diante de si uma Criança Cristal, integrante de um grupo evolutivo do ser humano, que está chegando para dar andamento a uma nova era. E os adultos precisam ficar atentos a isso.

 

Outro menininho de quatro anos assistia na TV à morte de inúmeras crianças nas costumeiras tragédias do Afeganistão e do Iraque e passou a chorar com grande mágoa. A mãe tentou consolá-lo:

 

-– Crianças também morrem, filho.

 

-– Mas essas estão morrendo antes da hora – respondeu ele.

 

Se o leitor está imaginando que eu pirei de vez ou que a idade me tenha chegado de mãos dadas com a senectude, permita-me passar a palavra à psicóloga porto-alegrense Ingrid Cañete, com mais de vinte anos de experiência nas áreas clínica e organizacional, e que se tornou uma aplicada estudiosa da nova espiritualidade e sensibilidade das pessoas.

 

Ingrid já se dedicara ao estudo das chamadas Crianças Índigo; agora se devota às recém chegadas Crianças Cristal. E está convencida de que “é chegada a hora de despertarmos, de nos desvencilharmos de informações, crenças e bagagens que já não fazem mais sentido”. E que os meninos e meninas Cristal representam simplesmente um degrau a mais em nossa escala evolutiva.

 

Ela tem razões para pensar assim. Por dever de ofício, convive com os petizes, analisa-os, procura compreendê-los. Colhe depoimentos de pais, mães, professores e das próprias crianças. E surpreende-se a cada novo momento.

 

Ensina Ingrid que, “se os Índigos são os “rompedores de paradigmas” e aqui chegaram para “denunciar as falsas estruturas e a ausência de sistemas de valores saudáveis e éticos” (voltaremos ao assunto), os Cristais “possuem uma personalidade mais calma, serena e pacífica”. Seriam seres quase angelicais. Ainda assim, são determinados e chegaram apenas para ocupar o seu lugar.

 

Em regra, preferem manter-se em silêncio. Demoram a falar, dedicam-se à observação. E aí pode morar o perigo. Os pais, perplexos, mal informados e impacientes, em busca de proteção, correm aos médicos. Estes, acostumados a rotular e a medicar, diagnosticam logo autismo, sem saber que os Cristais – altamente ligados, comunicativos, carinhosos e afetivos – são exatamente o oposto dos autistas.

 

Outros veem no procedimento “estranho” o chamado “Transtorno do Déficit de Atenção” (TDA), às vezes acrescido de hiperatividade (TDAH). Ignoram que tais seres possuem uma capacidade ou “técnica de assimilação superluminar”. Aprendem rápido e se desinteressam pelas aulas.

 

O “tratamento” das Crianças Cristal arrepiam a psicóloga Ingrid Cañete. Ela sabe que maus diagnósticos estão levando ao uso de drogas pesadas em menores de seis anos de idade. A Ritalina é uma delas; o Concerta, outra – anfetaminas cuja substância ativa é o metilfenidato. São drogas sintéticas criadas pelos alemães e usadas durante a II Guerra Mundial para oferecer confiança e levantar a moral dos soldados. Um absurdo, portanto. Até porque é sabido que drogas anfetamínicas causam dependência e têm efeitos colaterais!

 

-– Crianças Índigo e Cristais – pontua a dra. Ingrid – não padecem de nenhuma doença, muito menos de autismo, déficit de atenção ou hiperatividade. Se existe alguma enfermidade, ela está nos pais e na sociedade, despreparados para receber os recém chegados.

 

E vai ao âmago da questão: “Os adultos desaprenderam a amar e dialogar, perderam-se em algum lugar de sua caminhada e passaram a considerar ‘normal’ ter filhos para deixá-los desde bebês totalmente sós ou entregues a estranhos, a creches, babás, vídeo-games, televisões e à internet. Não encontram mais a ponta do fio que os conecta à vida, à verdadeira vida”.

 

Talvez os Cristais estejam aqui para reensiná-los.

 

PS – Se o tema lhe interessa, leitor, procure ler o livro da dra. Ingrid Cañete, “Crianças Cristal – A transformação do ser humano” (Edições Besourobox), encontrável nas boas casas do ramo.

 

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Uma ideia sobre “Crianças Cristal

  1. Estanislau - O Livre Pensador na Terra dos Debochados

    Gostei do artigo…..

    (…)Elas têm olhos grandes, penetrantes. Mesmo bebês, quando nos olham, parecem perscrutar nossas almas. Normalmente, são dóceis, afáveis, embora avessas a ordens. Não têm medo. Amam a natureza e particularmente os animais. São magras e delgadas. Aparentam ser frágeis, mas só aparentam, porque têm enorme resistência física. Têm também sensibilidade à flor da pele. Não toleram incoerência, falsidade e injustiças. Nem sempre são boas alunas, porque não têm paciência com os métodos atuais de ensino.
    / Luiz Inácio Lula da Silva /

    (…)os Cristais “possuem uma personalidade mais calma, serena e pacífica”. Seriam seres quase angelicais. Ainda assim, são determinados e chegaram apenas para ocupar o seu lugar.

    / Dilma Rouseff /

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