10:07Um jovem de 90 anos

Zero_BeetleBailey

Mort Walker 2

Sargento Tainha, Recruta Zero, Otto e o criador Mort Walker

 

 

por Célio Heitor Guimarães

 

Sabem quem completou noventinha nesta semana? Mort Walker, o genial criador de Beetle Bailey – o nosso Recruta Zero, e de uma infinidade de personagens animados dos quadrinhos.

 

Addison Morton Walker, descendente de irlandeses e ingleses, nasceu a 3 de setembro de 1923, em El Dorado, Kansas, EUA. E há quem afirme que começou a desenhar antes mesmo de aprender a falar. Tanto é que, aos 11 anos de idade, criou e conseguiu comercializar os seus primeiros cartuns. Recruta Zero surgiu um dia depois de Mort completar 27 anos, em 4 de setembro de 1950.

 

Mas a caminhada inicial do jovem artista não foi fácil. A princípio, seu trabalho era sempre rejeitado pelas grandes editoras – pobres coitadas! Finalmente, a distribuidora King Features aceitou Beetle Bailey (Besouro Bailey), então um preguiçoso estudante universitário. Mesmo assim, apenas 12 jornais concordaram em publicar as tiras do obscuro personagem.

 

De repente, a vida de Beetle sofreu uma reviravolta. Mort decidiu alistá-lo no Exército americano. Era época da Guerra da Coréia. A nova fase estreou em 13 de março de 1951. O público vibrou com a mudança. E a tira espalhou-se pelos Estados Unidos, através de mais de cem jornais.

 

No Brasil, Beetle Bailey foi logo batizado de Recruta Zero, um soldado raso, folgado e preguiçoso, sempre às voltas com o seu superior hierárquico, o gorducho Sgto. Taínha, e o mundo do quartel Campo Swampy, comandado pelo Gen. Dureza.

 

No entanto, embora sempre alegre e divertido, o personagem nem sempre teve vida tranquila e chegou mesmo a ser banido das páginas da revista oficial do Exército norte-americano, Stars and Stripes. Segundo os censores, Zero ridicularizava demasiadamente o cotidiano dos soldados e servia de mau exemplo. Levaram chumbo grosso da imprensa.

 

-– Foi uma tempestade em copo de água – comentaria Walker. “Apenas revelou que os mandachuvas militares não têm senso de humor”.

 

Mas há sempre o lado bom da história: Mort Walker acabou sendo homenageado pelas Forças Armadas, através do gen. Martin Dempsey, líder do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Recebeu também a Condecoração Militar, o prêmio maior a ser conferido a um civil. E foi laureado no Pentágono, pela Assessoria do Exército.

 

Hoje, as tirinhas do Recruta Zero chegam não apenas a todos os Estados Unidos como a 52 países, com um total estimado de 200 milhões de leitores.

 

No Brasil, Zero está desde os anos 50, quase sempre editado pela RioGráfica Editora, antecessora da Globo. Hoje, é publicado em revista do tipo “formatinho” pela Pixel (Ediouro Publicações).

 

Uma das características marcantes do personagem é nunca ter mostrado os olhos. Na faculdade, usava um chapéu, que lhe cobria a testa e os olhos; no Exército, é o quepe, o boné ou o capacete. Zero não tira do chapéu nem para dormir ou tomar banho.

 

Mort Walker vive em Stamford, Connecticut, e continua em atividade, auxiliado pelo filho Greg. É dele também, entre outras produções, as séries Hi & Lois (aqui, Zezé & Cia.), desenhada por Dik Browne (o mesmo de Hagar) e A Arca de Noé – assinada com seu primeiro nome, Addison. Confessa-se realizado:

 

-– Posso dizer que me sinto feliz por saber que acrescentei algo de humor nos  últimos 50 anos.

 

Mort Walker foi o criador do Museum of Cartoon Art, o primeiro museu do mundo dedicado aos quadrinhos.

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Uma ideia sobre “Um jovem de 90 anos

  1. JR

    Se der uma Olhada o Otto é a cara do seu criador. Parabéns, excelente quadrinho li muito quando criança.

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